O relatório ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), correspondente ao segundo semestre de 2021, mostra um ligeiro crescimento da pobreza no Uruguai entre a primeira e a segunda metade do ano passado.
Entre os principais resultados do estudo, o INE destaca que, de cada mil lares, 76 encontram-se abaixo do limiar da pobreza (7,6%).
Esta incidência aumenta se for considerada a nível individual, já que, segundo o instituto, 11% dos uruguaios se encontram em situação de pobreza.
«O valor que assume a proporção de pessoas pobres para o segundo semestre de 2021 implica que, de cada 1000 pessoas, 110 não ultrapassam o rendimento mínimo para cobrir as necessidades básicas alimentares e não alimentares consideradas por esta metodologia», refere o organismo.
Mais pobreza entre os jovens e a população afrodescendente
Ao abordar a incidência da pobreza por grupos etários, o INE verifica que é maior entre as crianças e os adolescentes, e constata que houve um crescimento, no segundo semestre, em todos os grupos, excepto no dos maiores de 65 anos (-0,2%).
De acordo com o relatório, as crianças com menos de seis anos são a faixa etária mais atingida pela pobreza (21%), seguida da das crianças entre os seis e os 12 anos (20,3%), os adolescentes dos 13 aos 17 (18,9%) e a faixa entre os 18 e os 64 anos (9,5%).
Os autores do estudo verificaram ainda que «a população afrodescendente é a que continua a registar maiores níveis de pobreza».
«No segundo semestre de 2021, para o total do país, a incidência da pobreza para as pessoas que declaram ter ascendência afrodescendente é superior à estimativa para quem declara ter ascendência branca em quase 11 pontos percentuais», indica o INE.
No que diz respeito à incidência da pobreza por regiões, os dados revelam que a percentagem de pessoas em situação de pobreza em Montevideu é superior à média nacional, afectando 14,8% da população.
A Universidade da República (Udelar) estima que, em 2020, no contexto de crise associado à pandemia de Covid-19, cerca de 100 mil uruguaios se tenham juntado à população em situação de pobreza.
Um estudo publicado o ano passado pela Faculdade de Ciências Sociais da Udelar, intitulado Entramados comunitarios y solidarios para sostener la vida frente a la pandemia [Redes comunitárias e solidárias para manter a vida face à pandemia], revelou que, em 2020, houve dias em que 55 mil pessoas recorreram às chamadas ollas populares, formas de organização comunitária para ajudar a alimentar a população.
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