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O presidente norte-americano afirmou repetidamente que iria pôr fim à guerra no Iémen, que está na origem da maior crise humanitária do planeta nos tempos modernos, segundo as Nações Unidas.

No entanto, lembra o jornalista Ben Norton no portal multipolarista.com, os bombardeamentos sauditas contra o mais pobre dos países árabes, apoiados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, atingiram o nível mais alto em vários anos – e com «a supervisão da administração de Biden».

Quem está a pagar o preço são os civis iemenitas, com um morto ou ferido a cada hora, segundo referiu a organização Save the Children no passado dia 11.

Janeiro de 2022 foi o mês mais mortífero no Iémen desde 2018. Entre 6 de Janeiro de 2 de Fevereiro, foram mortos mais de 200 adultos e 15 crianças. Outros 354 adultos e 30 crianças ficaram feridas, referiu a organização humanitária, que teme que o número real de vítimas seja bastante maior.

No próximo mês, passam sete anos desde o início da guerra de agressão contra o Iémen. Em Março de 2015, a Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais, lançou uma campanha militar o vizinho do sul, tendo como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, sem sucesso.

Ao longo da campanha eleitoral, em 2020, Joe Biden prometeu que poria fim a este conflito – uma intenção que reafirmou no ano seguinte, dizendo, já enquanto presidente, que estava a acabar com o apoio dos EUA às operações «ofensivas» sauditas no Iémen, lembra Norton.

A agressão militar saudita, que provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, e destruiu as infra-estruturas do mais pobre dos países árabes não poderia ter sido levada a cabo sem o apoio político, militar e logístico norte-americano e britânico.

Além disso, os EUA destacaram-se como um dos grandes fornecedores de armamento à monarquia saudita, tendo lucrado milhares de milhões de dólares com esta guerra – ao lado do Reino Unido e de uma lista mais longa, que inclui a Alemanha, a França e outros.

Quebrando a promessa de pôr fim à guerra, a administração de Biden não só não está a pressionar a Arábia Saudita nesse sentido, como continuou a vender tecnologia militar à monarquia do Golfo e, segundo refere o portal multipolarista.com, pondera inclusive voltar a classificar a resistência Huti Ansarullah como «terrorista», tal como o fez o seu antecessor, Donald Trump.

Entretanto, o Conselho Norueguês de Refugiados alertou que o número de civis mortos ou feridos no Iémen quase duplicou desde que o Conselho de Direitos Humanos da ONU votou a favor de acabar com o mandato dos especialistas que analisavam crimes de guerra no Iémen, em Outubre último.

«Nos quatro meses anteriores ao fim da monitorização dos direitos humanos, 823 civis foram feridos ou mortos na guerra. Nos quatro meses que se seguiram, foram 1535 civis», informou o conselho.

Neste período, houve 39 vezes mais vítimas civis provocadas pelos ataques aéreos sauditas.