Num comunicado emitido este domingo, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros condenou de forma veemente o acordo alcançado entre uma empresa petrolífera norte-americana e as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS, maioritariamente curdas), tendo afirmado que o «roubo» é perpetrado com o patrocínio e o apoio de Washington.
«A Síria considera este acordo nulo, vazio e sem qualquer efeito legal», lê-se no texto divulgado pela agência SANA, em que se «alerta novamente que tais actos desprezíveis reflectem a abordagem dessas milícias mercenárias, que aceitaram ser uma marioneta barata nas mãos do ocupante norte-americano».
Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, confirmou no Senado que uma empresa petrolífera norte-americana iria começar a trabalhar no Nordeste da Síria, numa região controlada pelas FDS.
«Falei ontem com o general Mazloum [Abdi], com as FDS. Aparentemente, assinaram um acordo com uma empresa petrolífera americana para modernizar os campos petrolíferos no Nordeste da Síria. Você apoia isso?», perguntou o senador republicano Lindsey Graham a Pompeo numa comissão de Negócios Estrangeiros, ao referir-se ao comandante das milícias FDS, que são apoiadas pelos Estados Unidos.
Pompeo respondeu que «sim» e que o acordo demorou mais que o previsto e que agora está na «fase da implementação», informa a PressTV, acrescentando que não se sabe ao certo que empresa está envolvida no projecto ilegal ou se há mais que uma.
O portal Al-Monitor, citando fontes não identificadas, afirmou na quinta-feira que a empresa é a Delta Crescent Energy LLC, organizada ao abrigo da legislação do estado norte-americano de Delaware.
«Acordo entre ladrões»
No comunicado emitido este domingo, o governo sírio denuncia o acordo como parte de um «roubo» e descreve-o como um contrato entre «ladrões que roubam e ladrões que compram».
Trata-se de «uma agressão à soberania da Síria e uma continuação da abordagem hostil dos EUA à Síria», criticou o Ministério, que, além de denunciar o roubo dos recursos do povo sírio, sublinhou que «os EUA dificultam os esforços de reconstrução, por parte do governo de Damasco, daquilo que foi destruído pelo terrorismo apoiado sobretudo pela própria administração norte-americana».
«Essas forças mercenárias – sublinha o documento – devem perceber que a brutal ocupação dos Estados Unidos terminará inevitavelmente e será derrotada como o foram os grupos terroristas às mãos do Estado sírio.»
Os Estados Unidos têm tropas e pelo menos uma dezena de bases militares no Norte das províncias de Deir ez-Zor, Raqqa e Hasaka, e, em conjunto com as FDS, controlam ali vários campos petrolíferos e de gás.