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|50 anos do 25 de Abril

A revolução no cinema português passa no MoMA

Um ciclo dedicado ao cinema português que percorre 50 anos de história, do realizador Manoel de Oliveira a Miguel Gomes, vai decorrer entre Outubro e Novembro no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque.

CréditosANDRÉ GOMBERT / EPA

Intitulado «The Ongoing Revolution of Portuguese Cinema» («A revolução em curso no cinema português», em tradução livre), o ciclo vai decorrer entre 17 de Outubro e 19 de Novembro, partindo dos 50 anos da Revolução dos Cravos que pôs fim a quase cinco décadas de fascismo em Portugal, recorda um texto sobre o evento divulgado na página do museu na Internet.

A organização do ciclo, da responsabilidade de Francisco Valente, crítico de cinema, realizador e programador, assistente de curadoria do Departamento de Cinema do MoMA, contou com a colaboração do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e da Cinemateca Portuguesa.

«Sob a influência de Manoel de Oliveira – que questionava continuamente as linhas entre a vida e a sua representação – a geração do 'Cinema Novo' expandiu as inovações da 'nova vaga' internacional dos anos 60, no meio de um ambiente social sufocante no país e de uma guerra colonial brutal em África», refere um texto de apresentação do ciclo.

Inspirado na Nova Vaga do cinema francês e no neorrealismo italiano, o Novo Cinema português surgiu na década de 1960, durante a ditadura de Salazar, com uma linguagem inovadora.

Este ciclo – ainda sem programação concreta divulgada – «traz à luz uma tradição estética em que fazer filmes – e vê-los – se torna um gesto político e existencial e cria um espaço de resistência às forças homogéneas e opressivas que nos constrangem na nossa vida – uma busca, numa palavra, de liberdade», indica o MoMA.

O mesmo texto contextualiza que, em 1974, «estava também em curso uma outra revolução: uma vaga de filmes que, sob o peso da censura, quebrou as distinções entre realidade e ficção no ecrã».

«Antes que a noção de 'cinema híbrido' ganhasse força em todo o mundo, o cinema português utilizava ferramentas do documentário para criar ficção (e vice-versa) e oferecer um novo domínio para os sentidos; tal como um processo revolucionário, estabelecia uma ligação entre a vida quotidiana e as confluências políticas que afectam o seu curso», acrescenta.

O museu recorda ainda que, após a Revolução, o movimento por ela desencadeado «centrou-se nas comunidades operárias com uma dignidade renovada e atraiu cineastas estrangeiros, como Robert Kramer e Thomas Harlan».

«O espírito independente do cinema português continuaria a desbravar novos caminhos com as obras de João César Monteiro, inspiradas em fábulas, e com os documentários de António Reis e Margarida Cordeiro, Manuela Serra e António Campos, que redefiniram a arte do real e influenciaram cineastas como João Pedro Rodrigues, Pedro Costa e Miguel Gomes», aponta ainda.


Com agência Lusa

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