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|artes plásticas

Os espaços sem fins lucrativos e os apoios às artes visuais

Programa de apoio sustentado da Direção-Geral das Artes e programações da Cooperativa Árvore, no Porto, no Centro de Artes de Águeda, na Galeria Diferença, em Lisboa, e na Biblioteca de Marvila.

Obra de Carlos Martins, «Ainda a propósito da improvável geometria da alma», 2021. Técnica mista sobre tela, 80 x 60 cm. «36.ª Exposição Colectiva dos Sócios da Árvore 2022», na Fundação Manuel António da Mota, no Porto, até 29 de dezembro 
Obra de Carlos Martins, «Ainda a propósito da improvável geometria da alma», 2021. Técnica mista sobre tela, 80 x 60 cm. «36.ª Exposição Colectiva dos Sócios da Árvore 2022», na Fundação Manuel António da Mota, no Porto, até 29 de dezembro Créditos / Diana Pinheiro

Em julho de 2019, no artigo AbrilAbril «Espaços de Programação para as Artes Plásticas», com referência ao ano de 2017, divulgámos o enorme peso dos espaços sem fins lucrativos no universo de todos os que realizam exposições de artes plásticas temporárias no nosso país. Em 2019, apesar de ter diminuído o número de exposições (passando de 7199, em 2017, para 6969, em 2019), segundo as estatísticas do INE, os espaços sem fins lucrativos representam 93% num total de 989 espaços. Continua, assim, a ser pertinente divulgarmos e chamarmos a atenção para a enorme importância da atividade desenvolvida nos centros de arte, galerias municipais e outros espaços públicos, museus, fundações, nas associações de arte ou em espaços alternativos, informais e independentes na realização de exposições e consequentemente na contribuição que estes espaços culturais dão para a diversificação das dinâmicas artísticas dentro do contexto da programação, circulação e legitimação das artes plásticas em Portugal. Face a esta realidade, parece-nos estar em contradição com os princípios da democratização e igualdade que têm vindo a ser exigidos para um efetivo Serviço Público de Cultura que o anunciado reforço das verbas para os programa de apoio da DGArtes, além de ser considerado insuficiente pelo sector das Artes, tenha sido dirigido quase na totalidade aos apoios quadrienais e não aos apoios bienais (nas artes visuais de 31 estruturas candidatas apenas 8 foram apoiadas) ou pontuais, continuando a acentuar-se uma politica de subfinanciamento nas artes. Atendendo a que os artistas visuais são, na sua maioria, autores individuais ou com projetos mais pequenos, espera-se, assim, que o pior venha a acontecer nesta área, salientou a Associação de Artistas Visuais em Portugal (AAVP), que, em comunicado e carta dirigida ao atual ministro da Cultura, prevê para um futuro próximo «…um sem número de criadores e trabalhadores da cultura que não terá possibilidade de dar continuidade ao seu trabalho, projetos artísticos interrompidos, programação de espaços independentes e públicos cancelados».

Obra de Nelo Teixeira, «Untitled», 2022. Acrílico, objetos encontrados, e outras técnicas mistss sobre madeira, 137 x 200 x 15 cm. Exposição «(Im)Materiality», no Centro de Artes de Águeda, até 15 de janeiro de 2023 / CAA

A Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, CRL, fundada em 1963 por artistas, escritores, arquitetos e intelectuais, é uma das instituições culturais mais antigas em Portugal e tem assumido como missão a «produção, divulgação e comercialização de obras artísticas e editoriais e a formação e informação dos sócios e do público em geral na área das artes visuais, dos estudos de arte e em outras áreas da criação e do saber». A Cooperativa Árvore está sedeada na zona histórica do Porto, no Passeio das Virtudes, num edifício que foi mandado construir por José Pinto de Meireles e inaugurado em 1763. Além de Bienais, Concursos e Prémios de Arte e outros serviços de arte, uma das suas atividades principais é a realização de exposições, nas suas instalações, mas também organiza, comissaria e produz diversos eventos artísticos em parceria com outras instituições culturais.

Desde 1980 que a Cooperativa Árvore promove uma coletiva anual dos sócios, momento em que reafirma uma enorme diversidade de expressões artísticas e divulga as obras mais recentes dos seus artistas. A «36.ª Exposição Colectiva dos Sócios da Árvore 2022» está a ser apresentada na Fundação Manuel António da Mota1, no Mercado do Bom Sucesso, no Porto, tal como tem acontecido desde 2016, e pode ser visitada até 29 de dezembro. Participam nesta exposição «cerca de cento e trinta artistas com obras recentes em pintura, escultura, fotografia e vídeo», como menciona o texto da exposição. Referindo ainda que «nomes como a escultora Rute Rosas, o pintor Aparício Farinha, a pintora Maria Rosas são alguns dos artistas que apresentam as suas obras».

Exposição «Este que Vês é o meu Retrato: Os Anos Setenta na Coleção da Galeria», até 23 de dezembro / Galeria Diferença

O projeto «(Im)Materiality» apresenta-se em exposição no Centro de Artes de Águeda2 até 15 de janeiro de 2023. Este projeto artístico promove «uma reflexão em torno dos conceitos de materialidade e imaterialidade, destacando a obra de cerca de 40 artistas provenientes de uma grande variedade de origens culturais e geográficas – incluindo Portugal, Angola, Moçambique, África do Sul, RDC, São Tomé e Príncipe, Burkina Faso, Namíbia, Holanda, Alemanha e Brasil», como se apresenta no texto da organização, que esteve a cargo da Cooperativa Árvore em parceria com a galeria THIS IS NOT A WHITE CUBE.

Os trabalhos expostos apresentam técnicas de pintura, desenho, escultura, fotografia e instalação, explorando géneros artísticos cada vez mais híbridos, embora sem deixar de recuperar práticas ancestrais de criação artística. Acrescenta-se ainda, no já referido texto, que «ao longo da exposição prevalece a noção da ambiguidade de género. Através dela, é-nos permitido compreender a forma como os autores avaliam a matéria e a não-matéria, a tangibilidade e a intangibilidade como um meio de comunicação, seja expandindo os media e as narrativas tradicionais, seja utilizando objetos do quotidiano como recurso para edificar novas formas».

A Galeria Diferença3, em Lisboa, apresenta a exposição «Este que Vês é o meu Retrato: Os Anos Setenta na Coleção da Galeria», até 23 de dezembro. Nesta exposição podemos ver obras de dezassete artistas portugueses, Ana Hatherly, Ana Vieira, Ângelo de Sousa, António Cerveira Pinto, Artur Rosa, Eduardo Nery, Ernesto de Sousa, Helena Almeida, Jorge Pinheiro, José Caldas, José Conduto, Julião Sarmento, Leonel Moura, MAN, Manolo Calvo, Monteiro Gil, Salette Tavares, muitos deles foram fundadores da Cooperativa Diferença, em 1979.

Exposição de pintura «SERIES. Preto no Papel», de Pinto Marinho da Silva, na Biblioteca de Marvila, até dia 31 de dezembro / Pinto Marinho da Silva

«Este que Vês é o meu Retrato», verso retirado de um dos poemas de Ana Hatherly (Auto-retrato), é agora o título de uma exposição com a curadoria de Victor dos Reis e que além de todas obras serem realizadas em papel, com diferentes técnicas de gravura, têm a particularidade de terem sido todas criadas na década de 70, do século XX, nas oficinas da Diferença. O texto da exposição refere que a Cooperativa Diferença, criada quatro anos depois da Revolução, «…foi o primeiro espaço artístico gerido diretamente por artistas (sob a forma cooperativa) que combinava no mesmo espaço áreas de galeria com as destinadas a oficinas e cursos de criação artística – especialmente de gravura, serigrafia, litografia e fotografia, tecnologias que permitiam a produção em série e, consequentemente, a rápida e barata disseminação das imagens artísticas na nova e democrática cultura visual». Salienta-se ainda que esta exposição «…é um retrato do encontro neste espaço e por vontade própria, de artistas de duas gerações consecutivas, num momento particular do tempo das suas vidas e da cultura do seu País. Artistas que se revelariam fundamentais na arte contemporânea portuguesa e cuja criação no domínio da gravura é ainda pouco conhecida ou considerada periférica na sua obra».

A exposição de pintura «SERIES. Preto no Papel», de Pinto Marinho da Silva, poderá ser visitada na Biblioteca de Marvila até dia 31 de dezembro. Pinto Marinho da Silva assume-se como um pintor tardio e no texto apresentado refere-se que «para esta exposição escolheram-se trabalhos de 2 ensaios sequenciais produzidos em 2018/2019 e de outras coisas fugazes, deles derivados, até 2022», assinalando-se ainda que os cerca de 60 trabalhos apresentam como meios de expressão artísticas a pintura e o desenho e como técnicas a tinta-da-china e o gesso sobre papel e cartão alveolar.

Registamos ainda, de acordo com a informação prestada pela organização, que o espaço onde se apresenta esta exposição, a Biblioteca de Marvila, foi desenhado pelo arquitecto Hestnes Ferreira e que a instalação das obras ocupa o espaço central da biblioteca para além do átrio e galeria do Auditório4.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Fundação Manuel António da Mota – Praça do Bom Sucesso, 74-90, Porto, Horário: segunda a sexta, 10h-13h e 14h-18h; sábado (dias 29 de outubro; 5, 12, 19, 26 de novembro e 3, 10, 17 de dezembro), 14h-18h.
  • 2. Centro de Artes de Águeda – Rua Joaquim Valente Almeida, n.º 30, 3750-154 Águeda. Horário: terça a sábado, 14h-19h; domingo, 14h-18h.
  • 3. Galeria Diferença – Rua S. Filipe Nery, 42 C/V, 1250-227 Lisboa. Tel. 21 383 21 93. Terça a sexta, 14h-19h; sábado, 15h-20h. Encerra às segundas, domingos e feriados.
  • 4. Biblioteca de Marvila – Rua António Gedeão, 1950-347 – Lisboa. Horário: terça a sábado, 10h-18h.

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