«Nenhuma força do mundo poderá evitar a libertação total do nosso povo e a conquista da independência nacional da nossa terra», afirmou Amílcar Cabral, o «arquitecto» do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que, assassinado por criminosos colonialistas em 20 de Janeiro de 1973, não teve oportunidade de assistir ao feito histórico por que lutou: a libertação do seu povo.
A citação do histórico líder do PAIGC foi proferida por João Bernardo «Nino» Vieira, na primeira Assembleia Nacional Popular, em 24 de Setembro de 1973, onde leu a declaração de independência da Guiné-Bissau, que Amílcar preparara, e onde foi aprovada também a primeira Contituição da República da Guiné-Bissau. Um dia antes, na abertura da I Legislatura dessa Assembleia, perante 120 membros eleitos, Aristides Pereira, secretário-geral do PAIGC, declarara: «Hoje, o nosso povo está de pé, afirmando vigorosamente a sua identidade de povo africano (…), depois de 17 anos de luta político-armada», pondo fim a cinco séculos de presença colonial.
A proclamação unilateral da independência representa um momento decisivo na luta de libertação do povo da Guiné-Bissau, mas o seu reconhecimento haveria de esperar pela Revolução dos Cravos, que permitiu igualmente ao povo português libertar-se do jugo do fascismo. No dia 26 de Agosto de 1974 foi assinado em Argel (Argélia) o histórico acordo entre Portugal e o PAIGC, onde foi consagrado o cessar-fogo de jure (dado que já era uma realidade naquele território) e o acordo de transferência de poderes, tendo ficado definido também que, no dia 10 de Setembro desse mesmo ano, o Estado Português reconheceria formalmente a independência da República da Guiné-Bissau, como Estado soberano.
Apesar do assassinato por mercenários colonialistas um ano antes, Amílcar Cabral, nascido de pais cabo-verdianos em Bafatá (Guiné), a 12 de Setembro de 1924, ficará para sempre associado à liquidação da dominação colonial portuguesa. Nos 100 anos do nascimento do histórico líder são várias as iniciativas de comemoração. Já amanhã, pelas 18h, a Casa do Alentejo acolhe a sessão evocativa «Um legado histórico para a luta que continua», promovida pelo PCP.
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