«Vento Sul é, na costa atlântica de Portugal, sinal de mau tempo, ficando-se a aguardar que a nortada varra as nuvens e faça ressurgir o sol. A descoberta de um contentor afundado desperta, em Santiago Sá, interrogações que vão alterar o seu quotidiano de engenheiro civil a recuperar de uma traumática viuvez. Quando pensa estar a ultrapassar as sombras do passado, uma nova tragédia volta a atirá-lo para o abismo, obrigando-o a um renovado esforço de superação das memórias que o perturbam», lê-se na sinopse de Dias de Vento Sul, a mais recente obra de Jorge Seabra, que ontem foi apresentada na Buchholz por Manuel Freire, um dos amigos que assinam a contracapa.
«Nos meus livros, as coisas que parecem mais ficção são as reais, são as que aconteceram», admitiu o médico ortopedista quando revelou o livro, das Edições Esgotadas, na reunião de Outono da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM), no passado mês de Outubro, em Lisboa.
Romance policial com «questões sociais pelo meio», Dias de Vento Sul dá espaço a um dos trágicos episódios da Segunda Guerra Mundial, designadamente o relacionado com um submarino alemão que torpedeia o paquete inglês Laconia, e que depois de salvar os náufragos é bombardeado por um avião americano.
Homem com um longo percurso político – participou no movimento estudantil de 1969, tendo sido candidato nas listas da oposição democrática em 1973 – e com um talento multifacetado, Jorge Seabra estreou-se na escrita em 1995 com Conceitos Básicos de Ortopedia Infantil, o primeiro livro português sobre a especialidade.
Depois do «vazio» de escrever um livro científico e de uma aposta com uma colega e amiga «viciada em livros policiais», Jorge Seabra, que é também artista plástico, passou a combinar textos científicos com a ficção, sendo autor de títulos como Anos de Eclipse, Lápis de Memórias ou O Cão Andaluz, livro que, tal como Dias de Vento Sul, venceu o Prémio «Fialho de Almeida» da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos.
Colaborador do AbrilAbril, Jorge Seabra assina ainda artigos noutros títulos, como a Vértice e a Seara Nova, tendo sido fundador da Sociedade Ortopédica de Língua Portuguesa (SOLP).
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