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Clube Mediterrâneo no AltCom

O drama dos refugiados que se arriscam no Mediterrâneo é tema do livro de João Pedro Mésseder, Ana Biscaia e Joana Monteiro, que representará Portugal em festival de banda desenhada na Suécia.

Um trecho do livro Clube Mediterrâneo, de João Pedro Mésseder, Ana Biscaia e Joana Monteiro.
Um trecho do livro Clube Mediterrâneo, de João Pedro Mésseder, Ana Biscaia e Joana Monteiro. CréditosFonte: Edições Xerefé

O livro Clube Mediterrâneo: doze fotogramas e uma devoração, de João Pedro Mésseder, Ana Biscaia e Joana Monteiro, que alerta para o drama dos refugiados e emigrantes que procuram chegar à Europa, é o representante de Portugal na quinta edição do Festival de Banda Desenhada AltCom que decorre em Malmö, na Suécia, entre 23 e 26 de Agosto de 2018.

Ana Biscaia e Joana Monteiro, respectivamente ilustradora e designer do livro, estarão presentes no AltCom, a convite da organização e com o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

João Pedro Mésseder, autor do poema que dá o título à obra, não acompanhará as suas co-autoras mas, segundo declarações prestadas ao AbrilAbril, em Setembro próximo (um mês após o festival) também ele estará a Suécia, a convite do Instituto Camões. Nessa ocasião noticiaremos os detalhes da visita.

O AltCom

O AltCom é um festival bienal de banda desenhada (BD) que tem lugar em Malmö, organizado em 2018 pela C’est bon Kultur (CBK) e pela Tusen Serier – duas associações de banda desenhada sediadas naquela cidade sueca. De carácter alternativo e interventivo, assume a promoção do diálogo e do trabalho em rede entre artistas internacionais como um dos seus principais objectivos.

A partir de 2010, sob a direcção de Mattias Elftorp para a Seriefrämjandet (Associação Sueca de Banda Desenhada), tornou-se um evento bienal dedicado à BD alternativa/underground/de pequena edição, perfil que mantém. Desde 2016 a CBK regressou à organização, este ano em colaboração com a Tusen Serier1.

O tema desta sua quinta edição é «Como sobreviver a uma ditadura», título da exposição colectiva em que também participará, com uma obra inédita, a ilustradora Ana Biscaia. Não é a primeira participação da artista, que já em 2012 participara no AltCom, dessa vez sob o lema «Sem fronteiras» («No borders»).

A ilustração portuguesa tem tido uma presença regular nesta iniciativa, tendo participado em edições anteriores do AltCom, Marcos Farrajota (2010) e o colectivo Chili com Carne (2012 e 2014).

Uma instalação com retorno

Com a cenógrafa Filipa Malva, as duas artistas preparam uma exposição que apresenta o livro como um cenário «portátil e passível de ser transformado em espaço de trabalho».

A instalação assenta numa «tenda de grande formato (aludindo aos campos de refugiados e às frágeis estruturas onde dormem as pessoas, idosos, crianças, famílias inteiras)», onde estarão expostas as reproduções das ilustrações do livro num formato não convencional, bem como outros objectos (malas de viagem, por exemplo) ligados à «ideia de partida».

Nesse espaço realizar-se-ão oficinas comunitárias de ilustração e tipografia, baseadas no livro, para a programação das quais – adiantam as artistas – está prevista a «concepção de um kit de fotogramas e de materiais diversos (notícias de jornais, conjuntos de imagens, entre outros).

Além do festival, está em aberto a possibilidade de realização de algumas sessões de trabalho em escolas locais (a Suécia, país que recebeu milhares de pessoas refugiadas de vários países do Médio Oriente e de África, é particularmente sensível à temática).

De regresso a Portugal, a portabilidade da instalação permitirá replicar, em várias cidades, as actividades em torno do livro, chamando a atenção, desta vez entre nós, para a desumanidade da reacção da Europa perante os apelos de quem aqui procura refúgio. O AbrilAbril noticiará o calendário destas instalações, mal o mesmo nos seja disponibilizado.

O livro

Clube Mediterrâneo: doze fotogramas e uma devoração, foi publicado em 2017 em edição conjunta das editoras Xerefé e Clube dos Tipos, em edição trilingue apoiada pela 19.ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra.

Criado a partir de um poema de João Pedro Mésseder, o livro conta com ilustrações de Ana Biscaia, tipografia e design de Joana Monteiro e uma composição e impressão em caracteres de madeira e chumbo, feita pela Tipografia Damasceno.

Em 12 «fotogramas», o poema de Mésseder fala-nos do drama daqueles que, fugindo à guerra e à pobreza, tentam chegar à Europa pelo Mediterrâneo, mar transformado em cemitério de pessoas refugiadas. Fala-nos dos muros, dos arames farpados e das portas fechadas que a Europa lhes tem oferecido e da forma como isso a está a devorar, nos está a devorar.

O livro destina-se a crianças, mas a beleza dos poemas, ilustrações e design não deixará indiferente os adultos.

Xerefé Edições e Clube dos Tipos: pequena edição, belos livros

Xerefé (palavra turca que significa «à nossa!») é, como ela própria se afirma, uma pequena editora de livros pequeninos ilustrados, fundada em 2014 na cidade de Coimbra. Ainda esse ano publicou Que luz estarias a ler?, de João Pedro Mésseder e Ana Biscaia, seguindo-se Poemas do conta-gotas, de João Pedro Mésseder e Ana Biscaia (2015), Palavras viageiras, de João Pedro Mésseder e Paul Hardman e A almoçarada do Billy Bolly de Paul Hardman (ambos em 2016) e, em 2017, este Clube Mediterrâneo.

O Clube dos Tipos foi fundado pelos designers gráficos Joana Monteiro e Paul Hardman com a intenção de reunir pessoas interessadas em tipografia e é, neste momento, gerido pela Joana2. As oficinas de tipografia estão no centro da sua actividade mas não a limitam, antes sendo um ponto de partida para a experimentação e o uso de novas tecnologias, em combinação com o uso de tipos antigos de metal e madeira, de forma a chegar a resultados menos convencionais. Em 2016 a Joana criou a chancela editorial Editora dos Tipos para a edição do Manual Prático do Tipógrafo, caminho que este Clube Mediterrâneo prossegue, em co-edição com a Xerefé Edições.

Quem é quem – no livro e na instalação

João Pedro Mésseder

João Pedro Mésseder (1957) é professor do Ensino Superior. Autor de várias obras de ficção e poesia para crianças e jovens, foi diversas vezes distinguido pelo seu trabalho, em Portugal e no estrangeiro.

Entre outros prémios destacamos: o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho de Poesia (1999), com o livro Fissura; a selecção para a lista White Ravens 2003 da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique (2003), com o álbum Timor Lorosa’e: A Ilha do Sol Nascente, ilustrado por André Letria; a nomeação para as Listas de Honra do IBBY-International Board on Books for Young People (2000 e 2006), com Versos com Reversos e Palavra que Voa, respectivamente; o Prémio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância (2014), com o Pequeno Livro das Coisas.

Ana Biscaia

Designer gráfica e ilustradora, Ana Biscaia (1978) estudou ilustração em Estocolmo, na Konstfack University College of Arts, Crafts and Design. Com exposições realizadas em vários pontos do Mundo, recebeu, entre outras distinções, o Prémio Nacional de Ilustração em 2012, atribuído pela DGLAB, com a obra A cadeira que queria ser sofá (texto de Clovis Levi). É fundadora das Edições Xerefé.

O escritor e a ilustradora de Clube Mediterrâneo gostam de e estão habituados a trabalhar juntos. O Livro dos Meses (2012) e Lembro-me (2014) – ambos editados pela Lápis de Memórias, Que luz estarias a ler?, sobre a situação na Palestina (2014) e Poemas do Conta-Gotas (2015) – ambos editados pela Xerefé, ou ainda Versos que riem (Calendário das Letras, 2016), são apenas alguns dos trabalhos que realizaram em conjunto.

Joana Monteiro

Joana Monteiro é designer gráfica, faz direcção de arte e assume a sua «paixão pela tipografia». Licenciou-se em Pintura e Design de Comunicação (ARCA, Coimbra), fez o mestrado em Design Gráfico (University of the Arts London) e estudou na Royal College of Art, Londres, onde experimentou vídeo e tipografia tradicional.


Colaborou com o atelier FBA. em Coimbra, durante cinco anos. É freelancer desde 2007 e tem trabalhado sobretudo com clientes da área da cultura. Ganhou o prémio AIGA Justified em 2013 e o prémio Sebastião Rodrigues, do Ano do Design Português, em 2014. É co-fundadora do Clube dos Tipos e fundadora da Editora dos Tipos, chancela através da qual publicou em 2016 o Manual Prático do Tipógrafo, antes deste Clube Mediterrâneo.

Filipa Malva

Filipa Malva é cenógrafa e arquitecta, doutorada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra e Mestre em Espaço de Performance pela Universidade de Kent. Tem desenvolvido trabalho regular como cenógrafa, figurinista, artista cénica e desenhadora. Nos últimos quatro anos tem sido responsável pela cenografia e figurinos d’ O Teatrão, da Casa da Esquina, da Cooperativa Bonifrates, dos Macadame, dos Cornalusa e do GEFAC, entre outros. É membro fundador da Associação Portuguesa de Cenografia e bolseira de Pós-Doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

  • 1. O sítio da Tusen Serier encontra-se apenas em sueco.
  • 2. O Paul tem um novo projecto a solo, intitulado And Paul

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