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Serralves: Combate à precariedade é «luta de David contra Golias»

Depois de uma primeira semana de audições em tribunal, os trabalhadores do serviço educativo de Serralves falam de uma luta «ideológica» que pretende impor uma «reorganização dos direitos laborais».

CréditosIsabel Leal / Arte Educadores

Em causa está a luta dos trabalhadores do Serviço Educativo Artes da Fundação Serralves (Porto), que ficaram sem trabalho e sem rendimentos durante o primeiro período de confinamento, durante o qual a instituição esteve encerrada, e que não voltaram a ter trabalho atribuído desde que começou o litígio.

Apesar de a inspectora-geral da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), Luísa Guimarães – entretanto substítuida –, ter revelado em Setembro que foram detactados indícios de 21 trabalhadores a «falsos recibos verdes» no serviço educativo da instituição e de ter dado um prazo para a regularização dos vínculos laborais, o conselho de administração da Fundação de Serralves insistiu que estes trabalhadores são «verdadeiros prestadores de serviços» e decidiu avançar para tribunal.

Considerando que Serralves é «um navio fantasma», Inês Lopes, membro do serviço educativo desde Janeiro de 2019 e um dos 21 casos reportados pela ACT, explica ao AbrilAbril que um visitante pode passar pelas instalações sem se cruzar com nenhum funcionário da instituição: desde a recepção, livraria, restaurante, bar, assistentes de sala, técnicos, seguranças, serviços educativos... não encontrará ninguém com um vínculo efectivo a Serralves, apesar de todos os trabalhadores serem essenciais ao funcionamento diário e permamente da instituição.

Em Setembro, antes da deliberação da ACT e reacção da administração, os trabalhadores foram chamados para audições conjuntas das comissões da Cultura e do Trabalho da Assembleia da República. Entretanto, foram também assinalados como falsos recibos verdes os casos de seis técnicos e houve uma visita inspectiva a Serralves em relação aos trabalhadores da recepção, da livraria e da assistência de sala, todos contratados através da empresa de trabalho temporário Egor.

Para Inês Lopes, mais do que a questão económica, está em causa um conflito «ideológico» em que, através de relações de poder assimétricas, se pretende manter e institucionalizar a precariedade laboral. «O medo é generalizado e sentimo-nos como numa luta de David contra Golias. Aliás, sentimento que foi reforçado com a mais recente ida a tribunal.»

Perante a Justiça, os trabalhadores são representados por procuradores do Ministério Público e a administração apareceu com seis advogados da sociedade Morais Leitão. «Nós não temos rendimentos há um ano e não podemos pagar um advogado», disse.

Outro aspecto que impressiona os trabalhadores é justamente o facto de, para não acatar uma deliberação de uma instituição pública como a ACT, a administração utilizar os seus fundos – em parte públicos – para ir ao arrepio da lei laboral e não atribuir direitos aos trabalhadores que correspondem às necessidades permanentes de instituição.

A organização da «resistência» destes trabalhadores também tem sido dificultada pelas restrições criadas pela situação pandémica. E quanto aos trabalhadores dos outros departamentos, como estão em fases diferentes do processo, não existe ainda uma articulação.

«Para já os trabalhadores do serviço educativo estão organizados entre si, mas admito que seria importante no futuro haver uma união de todos os funcionários com vínculos precários dos vários departamentos», afirma Inês Lopes, acrescentando que o processo da Casa da Música beneficiou de existir uma maior coesão entre os trabalhadores das várias áreas, a que se juntou o apoio de membros a contrato.

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