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Mesmo com «lucros obscenos», EDP recusa a valorização salarial

A acusação é da Fiequimetal, que lembra que os trabalhadores «são o principal motor dos lucros milionários e dos fartos dividendos que, ano após ano, são oferecidos aos accionistas».

Concentração de trabalhadores junto à sede da EDP, em Lisboa, a 24 de Janeiro de 2024 
Créditos / fiequimetal.pt

Em nota à imprensa emitida esta sexta-feira, a federação sindical destaca os lucros do Grupo EDP no ano passado, que «ultrapassam os 1300 milhões de euros», afirmando que «a EDP se juntou ontem à GALP como empresa dos milhões, que ano após ano bate recordes de lucros, a bem dos accionistas».

Neste sentido, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) considera que os lucros agora conhecidos – divulgados na quinta-feira – dão razão à federação, aos seus sindicatos e aos trabalhadores quando reivindicam 15% ou 170 euros de aumento de salário para todos.

Também quando reclamam a subida de duas bases de remuneração (BR) para quem é abrangido pelo Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) de 2014 e de uma BR para aqueles a quem se aplica o ACT de 2000, bem como a atribuição de anuidades a todos os trabalhadores que as não têm.

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Como a EDP «não quer valorizar as carreiras», trabalhadores fazem greve dia 24

No apelo à greve, os sindicatos denunciam que a EDP «não quer valorizar as carreiras e as profissões do seu principal activo, que são os trabalhadores», apesar dos elevados lucros alcançados.

Créditos / fiequimetal.pt

Em comunicado emitido dia 10, a Fiequimetal e os sindicatos que a integram no Grupo EDP (SITE Norte, SIESI, SITE Centro-Norte e SITE CSRA) dão conta do pré-aviso de greve para dia 24, entendendo que «o caminho para demonstrar o descontentamento é a luta».

«Esta é a única resposta à posição patronal, que em todas as reuniões foi de recusa de resposta às matérias contidas na Carta Reivindicativa entregue a 18 de Outubro», lê-se em nota igualmente divulgada a propósito pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN).

Na mais recente reunião entre as partes, a «administração tentou desvalorizar a greve às horas extra e procurou misturar a negociação da tabela salarial com as razões da greve ao trabalho suplementar», informa a organização sindical, que acusa o patronato de nem sequer ter aberto «espaço para, pelo menos, sinalizar a apresentação de uma proposta concreta sobre a valorização das carreiras».

«Não o fez porque pretende testar a força dos trabalhadores», denuncia.

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Greve ao trabalho suplementar na EDP prolongada até final de Janeiro

A valorização das carreiras profissionais e da antiguidade e a reposição da «justiça laboral» são as reivindicações que levaram a Fiequimetal a prolongar a greve ao trabalho suplementar no grupo EDP. 

Créditos / Portugal Digital

A paralisação iniciada no passado dia 1 de Dezembro (até 1 de Janeiro), nas empresas do grupo EDP, será prolongada entre 2 e 31 de Janeiro porque, revela a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) num comunicado, «na reunião de negociação, dia 13, os representantes da administração voltaram a não apresentar propostas relativamente às reivindicações que estão colocadas», designadamente a atribuição da remuneração por antiguidade a todos os trabalhadores que a não recebem.

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EDP: a «indignação» vale sempre a pena

A revolta dos trabalhadores da EDP, que convocaram uma greve às horas extra em Dezembro, já levou a administração da empresa a pedir uma reunião aos sindicatos «para debater os problemas que por ela foram criados».

Trabalhadores da EDP, e ao serviço da empresa, exigem o aumento dos salários e a valorização das carreiras. Lisboa, 6 de Abril de 2020 
CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

A soberba da administração da EDP esbarrou na determinação e coragem dos seus trabalhadores. Depois de se recusarem «a fazer justiça», valorizando em termos salariais a dedicação e experiência de quem todos os dias dá a cara pela empresa, confiantes de que os trabalhadores nada fariam, a EDP vê-se a braços com a convocação de uma greve a todas as horas extra no mês de Dezembro.

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Todos os caminhos vão dar à luta na EDP

Em vésperas da reunião plenária, adiada para amanhã, a administração da empresa ainda não cumpriu a sua promessa de entregar antecipadamente as suas proposta. «Só com a luta se poderá forçar a administração a ceder».

Foto de Arquivo: Trabalhadores concentrados junto à sede da EDP
Créditos / Fiequimetal

Após o adiamento em quase um mês da reunião plenária agendada para 19 de Abril, a administração da EDP volta a falhar com os seus compromissos ao não apresentar qualquer proposta concreta até à reunião de 17 de Maio, agendada pelos próprios. «Para piorar a situação, surgem novas ameaças aos trabalhadores e reformados» a que o patronato não dá resposta.

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Fiequimetal propõe «resposta firme» à EDP no dia 12

A administração da EDP, «empresa com milhares de milhões de euros de lucros acumulados nos últimos anos», não mostra vontade de valorizar as carreiras profissionais, denuncia a federação sindical.

Trabalhadores do Grupo EDP na manifestação nacional de 18 de Março, que juntou muitos milhares de trabalhadores em Lisboa, convocada pela CGTP-IN 
Créditos / Fiequimetal

Por entender que a administração precisa de uma «resposta firme», a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) decidiu propor aos trabalhadores das empresas do Grupo EDP a realização de uma jornada de luta no dia 12 deste mês, com greve e concentração, às 11h, junto da sede, onde nesse dia se realiza uma assembleia de accionistas.

«Não podemos continuar à espera da vontade fictícia de melhoria da nossa condição de vida enquanto trabalhadores», destacou a Comissão Intersindical da Fiequimetal (em que se incluem SIESI, SITE CSRA, SITE Centro-Norte e SITE Norte), ao divulgar a decisão aos trabalhadores.

Na primeira reunião sobre as matérias pendentes (após a parte patronal ter dado por encerrada a negociação salarial para 2023), a Comissão Negociadora da Fiequimetal relembrou que a sua proposta concreta de progressões nas carreiras foi entregue à administração já em 2021.

«Seria expectável que a administração da EDP já tivesse uma contraproposta para apresentar, passados praticamente dois anos», afirma comissão intersindical no documento aos trabalhadores.

«Em vez disso, a administração resolveu acrescentar novas matérias, numa tentativa de negociar» aquilo que está plasmado no Acordo Colectivo de Trabalho (ACT), mas não está a ser cumprido, nomeadamente sobre reformas e pré-reformas.

A administração já tinha convocado uma reunião de comissão paritária, onde – denunciam os sindicatos da Fiequimetal – «não fez mais do que bater o pé», tentando forçar que fosse aceite a sua interpretação desta matéria. Acabou por propor a negociação, em vez de respeitar o ACT que negociou, explicam.

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Comprova-se aquilo para o qual a Comissão Intersindical da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) na EDP (em que se participam os sindicatos SIESI, SITE CSRA, SITE Centro-Norte e SITE Norte): «só através da luta será possível forçar a administração a ceder». 

«As carreiras devem ser encurtadas no tempo e as progressões devem ser mais rápidas, por forma a valorizar e motivar os trabalhadores, e também para reter o conhecimento na empresa», defende a Fiequimetal.

De igual forma, os sindicatos consideram indispensável abordar, durante as negociações, o tema das pré-reformas e reformas. «A idade normal ou legal de reforma é a que é decretada pelo Governo e tudo o resto são antecipações, penalizadas ou não, mas sempre facultativas», como tal, «a administração da EDP não pode forçar os trabalhadores a reformarem-se mais cedo».

Esta postura negocial está em total contradição com a imagem de top employer que a administração «tanto apregoa». As organizações que compõe a comissão intersindical renovam ainda o apelo para que os trabalhadores das empresas do Grupo EDP «subscrevam o abaixo-assinado pela redução do tempo de progressão e pela valorização das carreiras na empresa».

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O resultado não tardou em se fazer notar: a administração da EDP já endereçou um pedido de nova reunião à comissão sindical da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) «para debater os problemas que por ela foram criados».

Durante a reunião mediada pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT, Ministério do Trabalho), a Fiequimetal «recusou terminantemente adiar a luta e não deu acordo aos serviços mínimos pretendidos pela administração. A definição dos serviços mínimos ficou, assim, a cargo do Ministério».

Este é o momento certo para «valorizar as carreiras e os salários dos trabalhadores das empresas do Grupo EDP», defende a federação sindical, realçando o facto de «que não há conquista de direitos sem a força reivindicativa de quem trabalha».

A federação e os seus sindicatos (SIESI, SITE CSRA, SITE Centro-Norte e SITE Norte, filiados na CGTP) apelam a que todos os trabalhadores «se unam em torno da defesa do que é seu por direito», participando em massa nos plenários que se vão realizar nos próximos dias, fazendo ouvir a sua voz.

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No entender da Comissão Negociadora Sindical da Fiequimetal, lê-se na nota, «isto comprovou como a administração, de reunião em reunião, vai demonstrando o seu incómodo com o tema da valorização profissional dos trabalhadores». 

Os sindicatos exigem a valorização das carreiras profissionais e da antiguidade e a «reposição da justiça laboral», e acusam a administração de «insistir em que se trate da tabela salarial» sem assumir «as suas responsabilidades no problema das admissões recentes em BR (bases remuneratórias) superiores às de trabalhadores com mais anos de experiência, mas que têm tido as suas carreiras estagnadas».

«A administração não pode vir agora, à pressa, agitar a tabela salarial (propondo valor de aumento somente à BR2, deixando as restantes em incógnita) e o protocolo de carreiras, para recusar a exigência dos trabalhadores», critica a Fiequimetal.

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Neste sentido, a Fiequimetal e os seus sindicatos defendem que «está na hora de dar uma resposta cabal à administração, fazendo greve e tornando público que a EDP não quer valorizar as carreiras e as profissões do seu principal activo, que são os trabalhadores», isto – sublinham – «apesar dos 946 milhões de lucros alcançados nos primeiros nove meses de 2023».

O pré-aviso de greve tem a duração de 24 horas, de modo a permitir a participação dos trabalhadores numa concentração em Lisboa.

Sobre salários, muita conversa sem avanços

A proposta apresentada pela Fiequimetal passa por uma actualização salarial anual de mais 170 euros nos salários e mais 8,26% nas matérias de expressão pecuniária.

No entanto, os sindicatos acusam a administração de querer, «à força, não uma negociação, mas uma imposição», tendo avançado com «uma proposta minimalista, que não valoriza os trabalhadores».

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Foi também na quinta-feira que a administração da EDP deu por encerradas as negociações da carta reivindicativa, «sem nenhum avanço na correcção de injustiças e na valorização das profissões e da experiência adquirida», denuncia o texto, no qual se explica que, em três dias de reuniões com os sindicatos (de 27 a 29 de Fevereiro), «o esforço dos representantes patronais foi dirigido contra a greve e não para a busca de soluções».

Profundo descontentamento transforma-se em luta

«Atrás da imponência dos lucros, existe uma realidade que não é possível esconder, por muita propaganda que a administração faça: há um profundo descontentamento de diversos grupos profissionais, desde as áreas técnicas aos quadros, devido ao não reconhecimento profissional», lê-se no documento ontem publicado.

Para a Fiequimetal, esse descontentamento é o motivo principal da greve ao trabalho extraordinário – em vigor desde 1 de Dezembro, com forte impacto –, e ficou bem patente na concentração realizada a 24 de Janeiro último, junto à sede da EDP, em Lisboa.

«Com motivos acrescidos, os trabalhadores iniciaram ontem uma nova forma de luta, podendo a greve acontecer também durante o período normal de trabalho, conforme decisão a tomar em cada empresa», sublinha a organização sindical, que acusa a administração da EDP de ser responsável por «um conflito laboral que só tende a agravar-se», dada a ausência de respostas patronais com sentido de justiça e que valorizem os salários e as carreiras dos trabalhadores.

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