|Indústria alimentar

Manter a laboração contínua na Super Bock requer melhores condições de trabalho

Os trabalhadores da Super Bock Bebidas rejeitam qualquer redução do valor do trabalho prestado, mas dizem-se «disponíveis» para manter o regime de laboração contínua que tem vigorado.

Trabalhadores da Super Bock em greve participam numa acção de protesto contra o ataque aos postos de trabalho, em frente à fábrica de Leça do Balio, 10 de Dezembro de 2020. A acção integra a semana nacional de luta da CGTP-IN.
CréditosJosé Pedro Rodrigues

«Os trabalhadores tanto reafirmaram a sua disponibilidade para manter a operacionalidade da fábrica em regime de laboração contínua, desde que nos moldes até aqui praticados, como a negação clara às propostas de baixar o valor do trabalho prestado, conforme a empresa tem tentado implementar», lê-se num comunicado divulgado, esta quarta-feira, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN), após um plenário que decorreu na terça-feira em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos.

Numa moção que «aponta à administração, de forma clara, quais as linhas que conduzem a um acordo de pacificação para enfrentar as exigências do Verão», os trabalhadores da Super Bock consideram que a resposta da empresa às propostas sindicais de negociação do acordo coletivo de trabalho «é manifestamente insuficiente, quer do ponto de vista do equilíbrio da lógica negocial, quer no âmbito da justa distribuição da riqueza por si gerada».

No documento, os trabalhadores afirmam que «a actual postura da empresa, mantendo a situação de impasse relativa ao acordo de laboração contínua, apesar de conhecedora dos parâmetros de aceitação dos trabalhadores, demonstra uma clara intenção de aproveitamento da actual situação de crise sanitária para tirar aproveitamento económico e em nada condiz com a mensagem de apaziguamento recentemente transmitida à comissão de trabalhadores».

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Greve na Super Bock contra aumento zero

Os trabalhadores da fábrica da Super Bock em Matosinhos vão fazer greve contra a política de aumento salarial zero da mesma administração que distribuiu 40 milhões de euros aos accionistas.

Créditos / CGTP-IN

Os trabalhadores da Super Bock Bebidas estarão em greve nos próximos dias 8 e 9 de Junho, face à indisponibilidade da empresa para negociar aumentos salariais ou quaisquer outras alterações que melhorem os rendimentos dos trabalhadores, anuncia o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN).

A irredutibilidade da administração é tanto mais chocante quanto, segundo o Sintab, distribuiu mais de 40 milhões de euros em dividendos pelos seus dois accionistas, no presente ano.

A acção de luta foi decidida em plenário realizado no passado dia 28 de Maio, «dando tempo suficiente à empresa para a evitar, o que até hoje não aconteceu», faz notar o Sintab.

O início da greve, informa o sindicato, será marcado por uma acção de denúncia e protesto em frente à fábrica e sede da Super Bock Bebidas, em Leça do Balio, Matosinhos, que se iniciará às 8h e se prolongará por toda a manhã.

Os trabalhadores organizarão um mega piquete de greve seguido de uma conferência de imprensa dada pelos sindicatos e pela Comissão de Trabalhadores.

Greve ao trabalho suplementar prossegue

Entretanto, também a greve às horas suplementares nos fins-de-semana e feriados prossegue no próximo dia 10 de Junho.

Em Junho de 2020, a pretexto da pandemia, a Super Bock propôs o fim do acordo de laboração contínua na área fabril, causando «uma perda substancial de rendimentos» aos trabalhadores, como na altura foi denunciado (ver caixa).

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Trabalhadores da Super Bock contestam «adaptabilidade» com greve

Os trabalhadores da fábrica da Super Bock, em Leça do Balio, decidiram fazer greve aos fins-de-semana, feriados e horas extra para contestar a imposição da adaptabilidade e banco de horas.

Trabalhadores da Super Bock em greve participam numa acção de protesto contra o ataque aos postos de trabalho, em frente à fábrica de Leça do Balio, 10 de Dezembro de 2020. A acção integra a semana nacional de luta da CGTP-IN.
CréditosJosé Pedro Rodrigues

«O plenário de trabalhadores tomou esta decisão porque estes não aceitam o recurso ilegal à adaptabilidade de horário pela empresa, que está a aplicar escalas que não estão reguladas, tentando manter a laboração contínua de uma forma mais barata», disse à agência Lusa José Eduardo Andrade, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN).

Segundo o sindicalista, em Junho de 2020, a pretexto da pandemia, a Super Bock propôs a antecipação do fim do acordo de laboração contínua na área fabril, o que representou «uma perda substancial de rendimentos aos trabalhadores».

Com o fim do acordo, que só deveria terminar em Abril de 2021, apenas metade dos trabalhadores estão obrigados à laboração contínua; os restantes, embora trabalhem por turnos, não são obrigados a fazer fins-de-semana e feriados.

Por isso, optaram por marcar greve para esses períodos, para ficarem devidamente salvaguardados e poderem recusar-se a trabalhar nesses dias ou a fazerem horas extraordinárias.

«É que a empresa está também a tentar impor 42 horas de trabalho semanal quando é preciso, sendo o horário de 39 horas, criando um banco de horas ilegal, e dispensando os trabalhadores quando não são tão necessários, dado que a produção tem o seu pico no Verão», disse José Andrade.

A Super Bock decidiu implementar unilateralmente, a partir do dia 1 de Abril, horários e escalas que vão penalizar os funcionários, referiu ainda o dirigente sindical. Nesse sentido, os primeiros efeitos da greve deverão sentir-se no fim-de-semana da Páscoa. 


Com agência Lusa

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Na altura, os trabalhadores abrangidos por esse acordo (cerca de metade dos trabalhadores da empresa) optaram por marcar greve para os fins-de-semana e feriados, a fim de ficarem devidamente salvaguardados e não serem obrigados a trabalhar sem receber.

A denúncia do acordo de laboração contínua não eliminou a necessidade deste recurso para a empresa, que impôs a sua retoma por menos salário, tal como os trabalhadores previam. Estes não aceitam a situação e estão a praticar as 39 horas semanais estipuladas na contratação colectiva.

Deste então, assinala o Sintab, a administração tem levado a cabo «inúmeras tentativas de divisão» entre trabalhadores, «com propostas pontuais e em determinados sectores». Não o tendo conseguido, passou a desferir «ataques à Comissão de Trabalhadores, na tentativa de a descredibilizar», sem o conseguir, como se pode ver pelo prosseguimento da luta.

O Sintab acusa a administração da Super Bock Bebidas de «inúmeras violações à lei da greve», detectadas pelos piquetes de greve às horas suplementares, que o sindicato se propõe denunciar às autoridades competentes.

Refere a substituição de trabalhadores em greve por outros com contrato de trabalho temporário, completamente fora do âmbito do motivo justificativo desses contratos, a transferência pontual de posto de trabalho dos trabalhadores escalados para o fim-de-semana, e o envio semanal de dezenas de cisternas de cerveja para enchimento na concorrência.

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Dão o exemplo da «contínua exploração da mensagem de que a ausência de acordo de laboração contínua tem um impacto negativo grave na operacionalidade, quando essa é uma realidade que a própria empresa criou, nada tendo feito, até agora, para a afastar».

Neste sentido, os trabalhadores pretendem que a administração apresente, «no imediato», uma proposta de acordo de laboração contínua «dentro dos parâmetros» já indicados, que apontam para a «continuidade das condições até aqui praticadas» e para «valores de aumento salarial que se aproximem do campo da aceitabilidade deixado antever na última reunião».

«Caso a administração não avance nesse sentido durante os próximos dias, estão os sindicatos mandatados para procederem ao agendamento de novas formas de luta que deverão passar por greves parciais, no posto de trabalho, em todos os turnos e secções da empresa», avisam.

Relativamente à negociação do aumento salarial para 2021, os trabalhadores reiteram «a importância de que se mantenha a seriedade na negociação, nada presente nas propostas de ‘zero’ e 1% que a empresa apresentou».

Segundo sustentam, «num ano em que a empresa teima apelidar de crítico, a opção por distribuir 44 milhões de euros em lucros pelos seus dois accionistas não encontra base de coerência quando comparada com a negação à valorização salarial dos trabalhadores».

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