«A proposta dos patrões assenta na desregulação de horários, para poder obrigar os trabalhadores a trabalhar em horário nocturno», denuncia o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), em comunicado. O objectivo é pressionar os trabalhadores para que estes «cedam nos seus direitos».
Só isso explica a recusa, por parte da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), em negociar a tabela salarial e a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) «enquanto os sindicatos não aceitarem a retirada de outros direitos».
A chantagem não caiu bem junto dos trabalhadores do sector, que «não aceitam passar a ser máquinas na mão do patrão, para ligar e desligar quando lhes der jeito», com o único objectivo de aumentar os lucros.
Em 2020, enquanto a maioria da população estava confinada, a indústria conserveira produziu 72 mil toneladas (mais 11 mil toneladas do que em 2019), tendo gerado 365 milhões de euros de lucros: mais 40 milhões do que no ano anterior.
«Esta é uma indústria que emprega maioritariamente mulheres, já de si prejudicadas pela discriminação que a sociedade lhes impõe, que exigem melhoria das condições de trabalho e de vida e mais tempo para a família, precisamente o contrário da vontade da ganância dos patrões».
«Por um digno aumento de salários»
A greve terá lugar a 21 de Abril, várias concentrações, junto das maiores empresas do sector, estão a ser promovidas para esse dia, «para denunciar a prepotência e ganância dos patrões que se opõem à melhoria dos direitos e condições de trabalho» dos seus funcionários.
O ponto de encontro, na Figueira da Foz, é junto ás instalações da empresa COFISA, pelas 14h30, e na ESIP, em Peniche, à mesma hora.