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|grande distribuição

Greve na distribuição: trabalhadores querem de volta a carreira profissional

Com adesões significativas por todo o País, a greve na grande distribuição denuncia a desvalorização dos salários dos profissionais do sector, onde as empresas vêem os lucros a aumentar.

Trabalhadores em piquete no Continente da Maia
Trabalhadores em piquete no Continente da Maia Créditos / CESP

A greve está a ser nacional e através dela os trabalhadores exigem o aumento de 90 euros para todos e o fim dos «salários de miséria».

«Em 2010 os trabalhadores tinham uma carreira profissional e os salários de entrada na profissão estavam 139 euros abaixo dos salários do topo de carreira», pode ler-se em nota do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP/CGTP-IN) que convocou esta paralisação.

Os vários piquetes de greve por todo o País que o AbrilAbril contactou deram conta de uma adesão significativa e de um sentimento de «revolta» em relação à intransigência das entidades patronais, designadamente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

Em Espinho, o piquete começou de magrugada. Créditos

No distrito de Aveiro, os trabalhadores do Pingo Doce de Espinho estão desde as 5h da manhã estão à porta deste espaço comercial a denunciar o clima de pressão e chantagem que sofreram nos últimos dias. Cláudia Pereira, dirigente do CESP, revelou que as chefias tentaram dissuadir alguns trabalhadores de participar nesta greve.

Já em Coimbra, o director de loja do Auchan disse mesmo que participar na greve era «um ataque pessoal» e esteve toda a manhã a verificar quem estava no piquete. No entanto, a adesão foi grande e várias trabalhadoras fizeram greve pela primeira vez, referiu a dirigente sindical. «O sentimento é de que têm que fazer alguma coisa para alterar a situação e melhorar a sua vida. Mas a par da revolta sentem também alegria por dar este passo, fazer greve e estar no piquete, lado a lado com os colegas a lutar pelos seus direitos», disse.

Em Braga, Ana Paula Rodrigues falou de uma adesão de cerca de 70% e de um piquete combativo, desde as 7h, à porta do Lidl de Ribeirão. «Os trabalhadores estão firmes nas suas reivindicações, querem o aumento dos salários e a negociação dos subsídios», afirmou a sindicalista.

Ivo Monteiro contou que, em Santarém, a adesão é a maior dos últimos anos, com várias centenas de trabalhadores a fazer greve. Para manter os armazéns abertos, as empresas têm estado a recorrer às chefias e sobretudo aos trabalhadores com vínculo precário que «sofrem uma grande pressão devido à instabilidade em que vivem». «Estamos no fim do primeiro mês do ano, os trabalhadores vão à conta bancária e vão confirmar que houve uma desvalorização completa das carreiras. Os que têm 20 anos de casa ganham mais 15 euros do que os que entram com o salário mínimo», denunciou.

Em «todas as lojas do sector» em Lisboa há trabalhadores em greve, garante a dirigente do CESP, Filipa Costa, que falou antes da conferência de imprensa que se realizou em Benfica. «Existe um grande descontentamento em relação aos salários e aos aumentos anunciados, que são discriminatórios», explicou, acrescentando que o Pingo Doce e a Sonae propõem aumentar os trabalhadores consoante a assiduidade e outros critérios de desempenho.

Trabalhadores em piquete no Pingo Doce da Boavista Créditos

No Porto, no Continente da Maia, a adesão é de mais de 90% uma vez que estão apenas seis profissionais a trabalhar e as chefias asseguram o funcionamento das várias secções. No Pingo Doce da Boavista, Marisa Ribeiro, dirigente do CESP denuncia que houve substituição de trabalhadores em greve na charcutaria e alteração dos horários na frente de loja e no talho. No Auchan de Canidelo, o talho, a peixaria e a gasolineira estão fechados, e o piquete faz-se com trabalhadores de várias lojas que «mesmo tendo sido pressionados a não fazerem greve», juntaram-se à concentração.

Fernando Pais, dirigente do CESP em Setúbal, deu nota de uma adesão expressiva em várias lojas e referiu o «sentimento de revolta» em relação aos baixos salários. «O problema não está na subida do salário mínimo, mas no facto de as empresas aproveitarem para atacar as carreiras e desvalorizarem os profissionais», disse.

Em Viana do Castelo, Rosa Silva disse que os trabalhadores estão «optimistas» e «confiantes que a luta vai dar frutos». «É evidente que os trabalhadores estão descontentes em todo o País e que se estão a organizar, pelo que a situação tem de mudar», referiu.

Fazendo o balanço a nível nacional, Célia Lopes, dirigente do CESP, sublinhou que os elevados níveis de adesão reflectem um profundo sentimento de «insatisfação» dos trabalhadores, que querem as mesmas condições de trabalho, o fim da tabela B que discrimina os trabalhadores do sector por região e o aumento dos salários. «A maioria do sector viu a sua carreira equiparada ao salário mínimo nacional e isso é inaceitável, uma vez que a melhoria das condições de vida e de trabalho devem ser para todos», lembrou.

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