A manifestação até ao Ministério da Saúde foi o culminar da greve de seis dias, não seguidos e dividida por sectores com o intuito de minimizar os transtornos aos utentes no acesso aos cuidados de saúde. A adesão geral dos enfermeiros ao protesto teve sempre valores elevados, dos 60% aos 80%.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), José Carlos Martins, já tinha afirmado serem esperados «milhares de enfermeiros» na manifestação, o que veio a comprovar-se, tendo em conta o elevado grau de insatisfação no sector perante os problemas diários e a atitude do Governo.
Em causa nesta greve está a ausência de uma nova proposta do Governo para as negociações da carreira de enfermagem, que deviam ter terminado em Junho, e cuja resolução, afirmam os sindicatos, põe fim a vários problemas e injustiças que afectam os enfermeiros e, como consequência, se reflectirá em melhorias na prestação de cuidados aos utentes.
«Para além de constituírem o maior grupo profissional do sector da saúde, os enfermeiros são um pilar fundamental e imprescindível nas respostas em saúde aos cidadãos, bem como na organização, funcionamento, direcção e gestão das organizações que integram o sector público de saúde e o Serviço Nacional de Saúde», lê-se na moção aprovada durante o protesto.
O documento afirma ainda que, «neste contexto, é inadmissível que o Governo não resolva, designadamente, o descongelamento das progressões, a carência de enfermeiros, o pagamento do suplemento remuneratório aos enfermeiros especialistas e a dignificação e valorização da Carreira de Enfermagem, que expressamente assumiu no protocolo negocial sobre esta matéria».
Além dos compromissos assumidos pelo Governo em Março, os profissionais continuam a exigir a contratação de mais enfermeiros para colmatar a crónica falta de pessoal no Serviço Nacional de Saúde – que se reflecte no número de camas encerradas e serviços a funcionar «a meio gás» –, além da correcta contagem dos pontos para o descongelamento das progressões e que todos sejam abrangidos, independentemente do vínculo contratual.
As paralisações foram convocadas pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), o Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM) e o SEP.
Em declarações à Lusa, Lúcia Leite, da ASPE salientou que os protestos são uma demonstração da revolta entre os profissionais, dando como exemplo enfermeiros com funções de coordenação que apenas levam para casa cerca de 700 euros por mês.