À primeira vista, a FRULACT, empresa portuguesa especializada na produção de ingredientes à base de frutas, não se distingue da realidade empresarial portuguesa, habituada a recorrer a salários de miséria e, enquanto pode, a ignorar os cadernos reivindicativos apresentados pelos trabalhadores. «A administração não aceita, sequer, reunir com o sindicato, demonstrando uma clara aversão à liberdade sindical dos seus trabalhadores».
Esse é, aliás, o primeiro dos motivos que leva, no dia 9 de Junho, os 120 funcionários da unidade no Tortosendo, na Covilhã, a promover uma greve, explica o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Mas ocorre uma situação ainda mais grave na FRULACT: «a empresa está a aplicar, de forma arbitrária, um contrato colectivo negociado com o sindicato da UGT». Acontece que estes trabalhadores «estão organizados na CGTP» e rejeitam um contrato colectivo que representa «menos direitos» laborais, para além de aplicado «de forma ilegal».
O sindicato e os trabalhadores exigem a aplicação dos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho (IRCT), substituíndo um acordo feito entre o patronato e a UGT, com o qual não têm qualquer relação. Os cerca de 120 trabalhadores exigem, igualmente, aumentos salariais que acompanhem o recente aumento do custo de vida, «bem como um subsídio de turno para corresponder à penosidade acrescida do trabalho noturno e em turnos rotativos».
O piquete de greve está agendado para as 8h da manhã na unidade do Tortosendo da FRULACT, prevendo, o SINTAB, uma adesão massiva à acção de luta. A empresa, fundada em Portugal nos anos 80, foi recentemente vendida à ARDIAN, um megafundo francês que detém também participações na ASCENDI e na BRISA.