Os tempos não se avizinham fáceis. O programa de governo confirmou que a vontade da direita é o retrocesso nos direitos, a destruição das funções sociais do Estado e a transferência de rendimentos para o grande capital por via estatal. No fundo, PSD e CDS-PP confirmam que estão ao serviço dos interesses dos monopólios e, como tal, o regresso aos tempos negros da política troikiana é a marca de água da acção governativa.
Baixos salários; precariedade; ameaças de uma revisão à legislação laboral em prol dos interesses patronais; políticas habitacionais que favorecem os interesses imobiliários; privatização do SNS; mercantilização do Ensino Superior; benefícios fiscais aos mais ricos; ou depauperamento da Segurança Social, são estes elementos os eixos da política do novo Governo.
A isto acresce ainda o facto da CIP ter sido a primeira entidade a reunir com o Governo, a preparar a Concertação Social e a inscrever as suas propostas no Programa do mesmo. Se confirmações fossem necessárias, a quem este Governo serve fica evidente.
A realidade confirma o que já se sabia com o resultado das eleições do passado dia 10 de Março: ou se luta contra a direita ou se é conivente com o seu plano draconiano para o país. Não há meias formas de combate, não há meias formas de luta.
Não é a evitar uma suposta «crise institucional» que se combate a direita e os seus projectos mais reaccionários. Não é com jogos palacianos feitos para criar manchetes que se dá a resposta que o país precisa. Não é a enviar cartas que se evita o empobrecimento de quem já pouco tem. Não é com recurso ao verbalismo pseudo-radical pautado com uma voz bem colocada que se contrariam os tempos difíceis. Não é com exigir que outros façam aquilo que nunca se quis fazer que se luta.
A luta contra a direita faz-se nas ruas, nas empresas, nos locais de trabalho, nas escolas, nas faculdades e nos bairros. O combate contra a direita faz-se com as massas organizadas de forma consequente, com o povo, com os trabalhadores, com os jovens, com os reformados e com os pensionistas. É somente nesses locais e com essas pessoas que a acção institucional ganha força e valor.
Tudo o resto não passa disto: de vãs proclamações de uma oposição que no momento de o ser, não o é. A oposição faz-se lutando e na Assembleia da República há quem tenha essa noção. Há quem, recorrendo a todos os instrumentos ao seu alcance, apesar das dificuldades, não se esconda atrás de retóricas e dê voz a quem luta.
Quem lidera a oposição são os trabalhadores que partem para a greve, que saem à rua para se manifestar, que agarram no megafone para gritar, que não perdem a esperança de uma vida melhor. São esses que vão obrigar a AD a recuar e darão forças a quem realmente a quer combater.
A luta dos trabalhadores é o motor da história. Os tempos podem parecer sombrios, os próximos meses serão duros, e haverá dias em que nada será fácil, mas enquanto houver vontade, há combate. Como alguém uma vez disse «uma causa nunca morre, mesmo quando não prevalece».
Trabalhadores, são eles quem lidera a oposição à direita.
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