A receita para a precariedade laboral nesta empresa tem uma lista sem fim de ingredientes. Ao longo dos anos têm vindo a ser denunciados, por trabalhadores e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), um rol de abusos laborais, que só com uma intervenção determinada dos trabalhadores e das suas organizações representativas foram sendo ultrapassados.
Desde forçar trabalhadores a pagar do seu bolso o acesso à fábrica, onde exerciam a sua função (obrigados, sempre, a usar o NIF da empresa nas suas despesas), às fracas, ou inexistentes, condições de segurança no trabalho, que implicam o manuseio de substâncias perigosas, provocando, ao longo dos anos, doenças pulmonares e gástricas entre os funcionários.
Considerando que a «política da empresa é baseada em baixos salários», o CESP não estranha «a estagnação salarial e a desvalorização profissional dos trabalhadores, nomeadamente daqueles com mais anos de antiguidade na Science4you». A proposta de «aumento salarial de 90 euros, três euros por dia, para todos os trabalhadores, sem discriminações», foi prontamente recusada pela administração.
Apenas no que toca às condições de segurança e salubridade houve algum assentimento, por parte da entidade empregadora, na introdução de medidas de protecção da saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Compromete-se a Science4you a «resolver os impactos nefastos de quem trabalha na sala dos corantes», a «melhorar as condições das casas de banho» e a procurar soluções para «minimizar os impactos físicos na movimentação manual do material com peso excessivo».
No que toca à contratação, a postura geral da empresa mantem-se inalterada, não dando mostras de pretender abandonar o recurso ao trabalho precário, subcontratado.
À exigência do sindicato, «que ao trabalhador de uma agência de trabalho temporário a ocupar um posto de trabalho permanente», desempenhando uma função indispensável ao funcionamento normal e regular da empresa, e que responde «directamente às orientações dadas pela Science4you», devesse ser atribuído um vínculo de trabalho efectivo, foram feitos ouvidos moucos.
No comunicado do CESP, enviado ao AbrilAbril, é ainda referido o protesto deste sindicato face «ao ambiente intimidativo e hostil», dinamizado por uma chefia do armazém da empresa, tendo a Science4you assumido a necessidade de agir para resolver as situações denunciadas. O CESP lembra que todos «os trabalhadores devem continuar a comunicar ao delegado sindical qualquer incumprimento verificado».