«Boa adesão» na greve dos 'call centers' da EDP

Os trabalhadores dos call centers da EDP em Elvas, Lisboa e Seia foram chamados a fazer greve esta terça-feira, numa acção conjunta levada a cabo pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Norte (SITE Centro-Norte) e pelo Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI), afiliados na CGTP-IN.

São vários os motivos que estiveram na base desta acção de luta convergente, que passam pela exigência do pagamento do acréscimo de despesas decorrente do teletrabalho, pela reivindicação da integração destes trabalhadores nos quadros da EDP, pela defesa do cumprimento do caderno reivindicativo e do pagamento do Carnaval e dos feriados municipais como dias feriados.

Recorde-se que, pese embora todos estes trabalhadores serem diariamente «a voz» da EDP, nenhum deles tem vínculo laboral com esta empresa. Os trabalhadores em Seia são contratados pela Manpower e os de Elvas e Lisboa estão vinculados à Randstad, o que sustenta a reivindicação da integração nos quadros da eléctrica.

Outra das questões em cima da mesa é a exigência do aumento dos salários, pois como explica Anabela Silva, dirigente do SIESI, em declarações ao AbrilAbril, há trabalhadores «com 20 e 30 anos de casa a auferir o salário mínimo nacional (SMN)».

«Tínhamos quatro escalões, mas com a estagnação dos salários imposta pela empresa, pela primeira vez desde que existe call center da EDP», há trabalhadores a ganhar apenas o SMN, acrescenta.

A dirigente relata ainda que o descontentamento é muito até porque «a empresa não respondeu nem ao caderno reivindicativo, nem à questão dos custos acrescidos que os trabalhadores têm com o teletrabalho».

Entre questões que destaca na luta destes trabalhadores, Anabela refere a reposição do pagamento como dias feriados do Carnaval e dos feriados municipais, direito que foi retirado aos trabalhadores ainda no tempo da Troika e do governo PSD/CDS-PP; a reposição do trabalho suplementar como estava antes da lei; e a majoração das férias.

A maioria destes trabalhadores encontra-se há quase um ano em regime de teletrabalho e, neste perído de novo confinamento, aqueles que são pais enfrentam ainda as dificuldades de terem de cuidar dos filhos, enquanto trabalham.

Segundo dados, ainda preliminares, revelados ao AbrilAbril por fonte SITE Centro-Norte sobre a adesão em Seia, houve sectores parados em cerca de 70%, como é o caso da EDP Distribuição e da SU Electricidade. Anabela Silva, do SIESI, também fala numa «boa adesão» em Elvas e Lisboa.

Recorde-se que estes trabalhadores têm tido uma luta continuada pelos seus direitos e estiveram recentemente em greve de 24 a 27 de Dezembro e de 31 de Dezembro a 3 de Janeiro, acção que também contou com uma adesão expressiva.