Administração da RTP tenta boicotar greve

Os efeitos da greve de sete dias, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (Sinttav/CGTP-IN), está a ser limitado pelos esforços da administração da RTP que, para evitar problemas na programação, está a duplicar equipas, camuflando o impacto da adesão à greve. A acção de luta conta também com a adesão do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações (SITIC).

Há vários postos assegurados por apenas um trabalhador em qualquer um dos programas realizados pela RTP: se faltar um operador de câmara, é possível encontrar soluções, mas não para as funções mais específicas. A RTP, a mando da administração, tem dobrado as equipas para evitar que esses trabalhadores, em greve, não conseguem impedir que o serviço se cumprisse.

«A empresa está a usar os precários que tem para dobrar equipas», explicou  Nélson Silva, dirigente do Sinttav e funcionário da Rádio e Televisão Pública, à Agência Lusa.

Esta paralisação, que veio reforçar a greve ao trabalho extraordinário que está em vigor por tempo indeterminado, querresolver, de vez, a política de baixos salários. O argumento da empresa é sempre que «não tem dinheiro», não há dinheiro para progressão nas carreiras nem para aumentos salariais, quando, ao mesmo tempo, há «419 pessoas a ganharem mais de 5 mil euros brutos».

Há trabalhadores que executam funções para as quais não são pagos, recebendo muito abaixo do que o que deveriam. O Sinttav confirma a existência de centenas de trabalhadores que «deviam ser abrangidos pelos mecanismos de reenquadramento e reclassificações», estabelecido pelo Acordo de Empresa.

Nelson Silva admite que o Sinttav venha a prolongar a paralisação, «se não houver abertura da empresa para negociações», estando o sindicato disponível a recorrer a todas as vias, nomeadamente ao Governo e à Assembleia da República, para alcançar a vitória.