Por um lado, o ataque aéreo foi um ensaio geral das forças aéreas alemã e italiana para a Segunda Grande Guerra que se aproximava. Por outro, a forma encontrada pelo ditador Franco de, com a ajuda dos seus aliados, Hitler e Mussolini, atacar o lado republicano e a liberdade que este garantia às diferentes comunidades, nomeadamente os bascos. Um acto hediondo dos fascistas na Guerra Civil Espanhola, que contaram ainda com o apoio do vizinho Salazar, que assim esperava prosseguir de forma tranquila a sua ditadura, deste lado da Península.
Ocorrido numa segunda-feira, dia de mercado e de mais gente nas ruas, o massacre que reduziu a pó e cinza a pequena localidade biscaína fica para a história da guerra como um caso inovador. Foi a primeira vez que um ataque desta dimensão foi infligido a uma população desarmada e indefesa. Mas foi também na sequência de Guernica que o uso de contra-informação desenvolvida pelas potências agressoras, desde logo a propósito da autoria do ataque, ganhou pujança.
Da negação do bombardeamento à imputação deste crime aos comunistas, vários foram os mitos criados, inclusive o de que Guernica se havia auto-bombardeado, num país que desde Julho de 36 estava dividido por republicanos e falangistas, enquanto na Europa o fascismo avançava, galopante.
A simbólica árvore de Guernica, figura da resistência e da sobrevivência do povo basco, foi das poucas que sobreviveram ao massacre. Segundo as estatísticas oficiais, da combinação de bombas incendiárias e de explosão resultaram 1654 mortos e 889 feridos. Um cenário que Picasso tão bem compilou na sua Guernica, conforme explica hoje Manuel Augusto Araújo neste artigo, a não perder.
Oitenta anos volvidos, a luta contra o fascismo, a agressão e a guerra continua a ser uma exigência, num tempo em que a paz, o progresso e o desenvolvimento continuam a ser negados a milhões de seres humanos.
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