Até sempre, Comandante!

Fidel Castro, comandante-em-chefe da Revolução Cubana, morreu na noite passada, aos 90 anos, em Havana. O Conselho de Estado decretou nove dias de luto, durante os quais será homenageado o histórico líder do Movimento 26 de Julho, herói do assalto ao Quartel Moncada e da Sierra Maestra, que em 1959 conduziu o povo cubano à vitória sobre ditadura de Batista e que foi um exemplo da solidariedade internacionalista.

Fidel entre um grupo de revolucionários que derrotaram a terrível «tirania» de Fulgencio Batista, no final dos anos 50
Créditos

O anúncio da morte de Fidel foi feito na televisão estatal pelo seu irmão e presidente da República, Raúl Castro. «Com profunda dor», o chefe de Estado cubano informou «o nosso povo, os amigos da nossa América e do mundo que, hoje, 25 de Novembro de 2016, às 10h29 horas da noite, faleceu o Comandante-em-Chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz».

Em Abril deste ano, durante o Congresso do Partido Comunista de Cuba, Fidel Castro afirmou: «A vez chega a todos, mas ficam as ideias dos comunistas cubanos como prova de que, neste planeta, se se trabalha com fervor e dignidade, se podem produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos precisam e devemos lutar sem trégua para os obter».

Nove dias de luto

O Conselho de Estado da República de Cuba decretou nove dias de luto nacional, entre as 6h de 26 de Novembro e as 12h de 4 de Dezembro. «Durante a vigência do luto nacional cessarão as actividades e espectáculos públicos, a bandeira nacional ondeará a meia haste nos edifícios públicos e estabelecimentos militares». Na rádio e na televisão haverá «uma programação informativa, patriótica e histórica», informa o CubaDebate.

Cerimónias fúnebres e homenagens

Os restos mortais do histórico líder revolucionário e exemplo da solidariedade internacionalista serão cremados, este sábado, de acordo com a sua vontade.

As honras fúnebres têm início esta segunda-feira, em Havana, no Memorial José Martí, entre as 9h e as 22h, e prolongam-se, na capital, no dia seguinte, entre as 9h e as 12h.

Na terça-feira, dia 29, às 19h, a Praça da Revolução, em Havana, será palco de um «acto de massas». A nota da Comissão Organizadora das cerimónias fúnebres, acessível no portal do CubaDebate, revela que a homenagem será extensível a outras cidades cubanas, uma vez que, no dia 30, as cinzas do Comandante serão trasladadas, por terra, de Havana até Santiago de Cuba, no outro extremo da ilha.

O itinerário «rememora a Caravana da Liberdade de Janeiro de 1959» e termina no dia 3 de Dezembro, na capital do Oriente cubano. Neste dia, pelas 19h, a Praça Antonio Maceo – que evoca outro dos grandes da gesta libertadora cubana –, em Santiago, será palco de outro «acto de massas». A cerimónia de deposição das cinzas terá lugar no dia 4 de Dezembro, às 7h, no Cemitério de Santa Ifigénia.


«Legado bem vivo»

Numa nota relativa ao «Falecimento de Fidel Castro», a Associação de Amizade Portugal-Cuba (AAPC), sublinha que «o Comandante parte hoje, após uma vida inteira dedicada ao seu povo e à sua pátria, mas a sua principal obra, o seu principal legado permanece bem vivo: a Revolução Cubana, com as suas extraordinárias conquistas em áreas como a educação, a ciência, a saúde e no acesso à cultura, entre muitas outras».

Nesse legado a AAPC inclui o facto de «o seu povo […] prossegu[ir] com coragem, determinação e assinalável capacidade criadora o caminho da defesa da Pátria Cubana, resistindo aos mais poderosos ataques, nomeadamente o bloqueio económico dos EUA contra Cuba».

A AAPC destaca que «Fidel Castro ficará na História como uma das personalidades mais marcantes do século XX, não só pelo seu papel central na libertação de Cuba da terrível ditadura de Fulgencio Batista, na condução da Revolução Cubana, mas também como um revolucionário que abraçou sempre as mais justas causas em defesa de todos os povos do Mundo e da Humanidade».

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