No último ano, a instabilidade foi norma em França. Três governos caíram desde Setembro de 2024 até agora: o primeiro caiu após uma a crise provocada pelas eleições legislativas antecipadas de 2024, que deixaram o Parlamento sem maioria clara; o segundo não resistiu à paralisia parlamentar e à pressão social contra as reformas que estavam a ser gizadas; o terceiro, chefiado por François Bayrou depois ver chumbada uma moção de confiança.
Na sequência desta última queda que já se antecipava, dada a insatisfação em torno da austeridade que o ex-governo do Mouvement Démocrate (MoDem), do Renaissance e do Horizons queriam colocar em prática, o presidente Emmanuel Macron escolheu Sébastien Lecornu, até então ministro da Defesa, para formar Governo.
Dada toda esta instabilidade, o inevitável aconteceu e os trabalhadores franceses saíram outra vez à rua para demonstrar insatisfação face ao sucedido. Após a queda do governo de François Bayrou, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) emitiu um comunicado no qual fez um forte apelo à mobilização social para travar aquilo que considera ser uma política de austeridade injusta e perigosa para o país.
«Pela terceira vez num ano, a França não tem mais Governo. Trata-se de uma situação sem precedentes na Quinta República, fruto da estratégia de Emmanuel Macron e dos patrões, que preferem enfraquecer as instituições a mudar as políticas», afirma a CGT.
A central sindical francesa acusou o chefe de Estado e o patronato de recorrerem a uma «estratégia autoritária», e de insistirem na imposição de cortes massivos que ameaçam agravar o desemprego, as desigualdades sociais e o enfraquecimento dos serviços públicos. A organização alerta ainda que o actual impasse político coloca em risco o futuro económico e até a posição internacional de França.
Foi neste sentido que a CGT convocou o trabalhadores a saírem hoje à rua, de forma a enterrarem o de vez o orçamento de Bayrou e a implementação de medidas de emergência em torno de cinco prioridades: a justiça tributária; a justiça social; o financiamento dos serviços públicos; aumentos dos salários e pensões; e uma política de reindustrialização.
Segundo o que se lia no comunicado da central sindical, à data de segunda-feira, a CGT tinha já confirmadas mais de 700 greves convocadas. Estima-se que esta tenha sido uma contabilização bastante provisória, na medida em que hoje, dia 10 de Setembro, França acordou em convulsão social, com várias estruturas e movimentos a acompanharem os sindicatos e a bloquearem o país. Os trabalhadores franceses, mais uma vez, estão na luta.
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