Entre as crianças (0-18) assassinadas pelos bombardeamentos de Israel, «há um número considerável de combatentes», defendeu Helena Ferro Gouveia, comentadora da CNN e ex-assessora da Câmara Municipal de Almada (PS), nas suas redes sociais. A explosão dos pagers no Líbano protagonizada por Israel, que matou e feriu gravemente várias crianças, foi «absolutamente genial». A intervenção genocida de Israel pode ser considerada, a posteriori, «a decisão certa» de Benjamin Netanyahu.
Nenhuma destas tomadas de posição de Ferro Gouveia causa estranheza. Em Julho de 2024, foi uma das personalidades que se apresentou na despedida do antigo embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ao lado de outros políticos sionistas da direita portuguesa como Rodrigo Saraiva (IL), Pedro Frazão (Chega), Pedro Delgado Alves e Sérgio Sousa Pinto (PS), Liliana Reis e Alexandre Poço (PSD), Telmo Correia (CDS) e... Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
É agora pela mão de Moedas que Helena Ferro Gouveia, militante do CDS-PP, surge em 4.º lugar nas lista da coligação PSD/CDS/IL para a Assembleia Municipal de Lisboa. Numa publicação nas redes sociais, a comentadora agradece a «Nuno Melo a confiança e ao Carlos Moedas a liderança», reiterando a sua ambição de tornar «Lisboa uma cidade mais justa, acessível, segura e preparada para o futuro», dando continuidade «a uma grande ambição para a cidade, onde muito foi feito» no anterior mandato (não especificando exactamente o quê).
Para além da «Analista de Assuntos Internacionais», como se intitula Ferro Gouveia (embora considere que Vladimir Putin é «um homem de esquerda»), também Pavlo Sadokha, líder da Associação de Ucranianos em Portugal e antigo assessor da extrema-direita fascista ucraniana (o partido Svoboda), surge nas listas da coligação PSD/CDS/IL à Assembleia Municipal de Lisboa, num lugar não-elegível.
Em Abril de 2024, Sadokha exigiu publicamente a censura de um livro publicado em Portugal (A Guerra a Leste: 8 Meses no Donbass, do jornalista Bruno Carvalho), convocando vários protestos para evitar, sem sucesso, a sua apresentação ao público. Sadokha é admirador confesso de Stepan Bandera, colaborador ucraniano do exército nazi durante a Segunda Guerra Mundial.
Está tudo despedido! Apenas Diogo Moura sobrevive à limpeza de Carlos Moedas
«Esta é a melhor equipa para servir os lisboetas nos próximos quatro anos», afirmou Carlos Moedas sobre a lista da coligação PSD/CDS/IL à Câmara Municipal de Lisboa: Por ti, Lisboa. Depreende-se desta afirmação (e da opção de afastar praticamente toda a equipa de vereadores do seu anterior mandato) que Lisboa esteve entregue a uma equipa de segunda ou terceira linha nos últimos quatro anos.
Carlos Moedas socorre-se agora do antigo presidente da RTP e administrador de várias empresas (Auto-estradas do Atlântico, EGEAC, Infraestruturas de Portugal), Ricardo Reis; a actual vereadora da Câmara Municipal de Oeiras Joana Baptista (altamente criticada pela Iniciativa Liberal, que agora integra a sua lista, pelos muitos almoços grátis que recebeu da autarquia, 450, incluíndo 4 num só dia); Rodrigo Melo, coordenador da IL em Lisboa e antigo assessor dos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes; e Maria Luísa Aldim, do CDS-PP, antiga secretária-geral da Associação Nacional de Instuições de Pagamento e Moeda Electrónica.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui