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SPGL. «A escola por que lutamos não se reconhece no preconceito»

O Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SPGL/Fenprof) critica a instrumentalização de crianças pela extrema-direita, a fim de «encorajar sentimentos xenófobos e racistas».

CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Com uma «profunda consternação», é desta forma que a estrutura sindical reage ao episódio protagonizado pelo líder do Chega na Assembleia da República, na passada sexta-feira, que proferiu nomes de menores, alegadamente estrangeiros, que estarão inscritos no pré-escolar, em Lisboa. 

Para o SPGL, a instrumentalização de crianças para construir uma narrativa que opõe os «nossos» aos «outros» representa uma «violação ética inaceitável», bem como uma «inqualificável irresponsabilidade política» e um atentado à dignidade humana, capaz de potenciar actos de violência ou de bullying nas escolas. Defende, por outro lado, que «proteger as crianças é proteger a democracia».

«A escola por que lutamos todos os dias não se reconhece no preconceito, na exclusão ou no ódio», afirma o sindicato, salientando que o problema da escassez de vagas, «real e ao qual urge dar resposta», não se resolve com ataques à diversidade, mas antes com «opções políticas claras e determinadas». Acrescenta que a banalização deste tipo de discurso, especialmente vindo de representantes eleitos, acarreta consequências «trágicas» para a democracia. «Se o cenário passar para o ambiente escolar, os efeitos serão devastadores», alerta. 

Ciente de que «nenhum combate político justifica expor, atacar ou humilhar crianças», o SPGL denuncia não apenas este episódio, mas também «a forma torpe e degradante como têm decorrido algumas das sessões no Parlamento», onde a violência verbal e a falta de ética parlamentar se banalizam «perigosamente». O que ali se diz e como se diz ecoa na sociedade e desagua, inevitavelmente, nas escolas. O Parlamento, frisa, «deve ser exemplo de todas as virtudes que defendemos e cultivamos nas escolas, não o seu oposto».

Esta segunda-feira, várias associações de pais de Lisboa divulgaram uma tomada de posição contra as «declarações xenófobas» e a «exposição indevida de menores» feita pelo Chega, dentro e fora da Assembleia da República, acreditando que serve para «alimentar uma narrativa de ódio», contrária ao que defende a Constituição da República. 

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