A Lone Star detém 75% do Novo Banco, já o Estado português, com o Fundo de Resolução, detém 13,54% e, com a Direcção-Geral do Tesouro, detém outros 11,46%. Até chegar a esta composição, o Estado português, a fim de salvar o BES, injectou inicialmente 3,9 mil milhões de euros através no fundo criado para salvar o banco privado e, no momento de vender a maioria da participação ao fundo de investimento norte-americano, criou o mecanismo de capital contingente que, entre 2017 e 2021, injectou cerca de 3,4 mil milhões de euros adicionais.
No total, o Estado meteu cerca de oito mil milhões de euros no BES. Em 2017, vendeu os 75% do Novo Banco à Lone Star a troco de obrigações de mil milhões de euros, dos quais 750 milhões de euros no momento da conclusão da operação e 250 milhões de euros no prazo de até três anos. Deste modo, o fundo de investimento estrangeiro, com muito menos investimento que o Estado português ficou com a maioria do banco.
A Lone Star viria a recuperar esse investimento com a distribuição de dividendos e, agora, com a venda do Novo Banco ao grupo francês BPCE, prepara-se para arrecadar 4,8 milhões. Estima-se que o total da venda seja de 6,4 milhões, o que significa que para o Estado português apenas restará 1,6 milhões.
Esta semana, numa nota enviada às redações, o Governo informou que «o Governo português vai acompanhar a venda da Lone Star, alienando a posição que o Ministério das Finanças controla diretamente». Para a tutela, «esta operação conclui um longo processo, iniciado com a resolução do BES e a posterior alienação, em 2017, do Novo Banco à Lone Star, contribuindo para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro português».
Ainda de acordo com o Governo, «esta venda, associada à distribuição de dividendos do Novo Banco que ocorreu este ano, permite ao Estado recuperar quase 2 mil milhões de euros dos fundos públicos injectados na instituição».
Surge então o problema. Fazendo as contas, toda esta história irá lesar o Estado português em seis mil milhões, uma vez que este não ficará com nenhuma parte que permita recuperar a totalidade dos oito mil milhões. Foi o Governo PSD/CDS-PP de Passos que salvaguardou o banco e os interesses privados, é agora o Governo PSD/CDS-PP de Montenegro que se prepara para garantir que os prejuízos serão de todos os contribuintes.
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