No dia 10 de Junho, exactamente 30 anos depois do assassinato de Alcindo Monteiro às mãos de um grupo de neo-nazis (entre os quais o recluso Mário Machado), o actor Adérito Lopes foi espancado por um bando de cerca de 30 neo-fascistas à porta do Teatro "A Barraca". O actor protagonizava a peça Amor é um fogo que arde sem se ver..., em que interpretava Luís de Camões, e que teria uma sessão nessa noite.
Ao chegar ao Teatro, o actor foi vítima de «uma cobarde e bárbara agressão por um grupo de indivíduos ligados à extrema-direita» que estava a assediar uma outra actriz, apenas por ter uma estrela vermelha na camisola. Entre os agressores estava o antigo cronista do jornal Observador, João Martins, também ele condenado pelo assassinato de Alcindo e por diversas outras agressões racistas. O grupo neo-nazi foi identificado como sendo o Blood&Honour, que estava identifica da versão inicial do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024, mas que foi apagado, como outros movimentos e grupos de extrema-direita, neofascistas ou neo-nazis.
«A normalização de discursos reaccinários, racistas, xenófobos e fascistas, e a frequência destes actos nos últimos anos exige uma resposta firme do Governo, accionando todos os meios legais para a responsabilização dos agressores», afirma o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE/CGTP-IN), em nota enviada ao AbrilAbril.
Perante situações como esta, o sindicato considera que os trabalhadores da Cultura «não podem ficar parados e deixar de fazer ouvir» as suas vozes. «Num momento em que forças fascistas e xenófobas procuram impôr uma agenda de ataque aos direitos dos trabalhadores e pôr em causa as liberdades e garantias, a Cultura é resistência e os trabalhadores do sector continuarão unidos em defesa dos valores da Solidariedade e da Liberdade».
Várias organizações e movimentos convocaram acções, com o lema «Não queremos viver num país do medo» para o dia 15 de Junho: em Lisboa, às 16h, em frente ao Teatro "A Barraca"; no Porto, às 17h, na Praça 8 de Maio; e em Coimbra, às 18h, na Praça da Batalha. O CENA-STE apela à «participação de todos os trabalhadores do sector da Cultura, todos os trabalhadores e democratas» nestas acções contra o ódio, o racismo e o fascismo.
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