Nas sequências das operações contra migrantes levadas a cabo, sexta e sábado, por membros da Agência de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE), o Ministério mexicano dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado em que faz «um apelo respeitoso mas firme» às autoridades dos EUA para que «garantam que todos os procedimentos de imigração são realizados de acordo com o devido processo legal, no quadro de uma estrutura de respeito pela dignidade humana e pelo Estado de direito».
«O Governo do México reitera o seu compromisso inabalável com a protecção e a defesa dos direitos humanos dos mexicanos no estrangeiro, independentemente do seu estatuto migratório», lê-se no texto publicado este sábado.
Através da sua rede consular – explica o texto –, o México activou imediatamente mecanismos de assistência e protecção consular para garantir que os mexicanos detidos recebem aconselhamento jurídico adequado e tratamento justo.
«Os nossos consulados intensificaram os seus esforços para informar a comunidade mexicana sobre os seus direitos e as medidas que podem ser tomadas caso sejam alvo de uma operação migratória», refere.
O governo do país azteca afirma que vai continuar a recorrer a todos os canais diplomáticos e legais disponíveis para expressar a sua insatisfação com «as práticas que criminalizam a migração e colocam em risco a segurança e o bem-estar das nossas comunidades nos Estados Unidos».
«A migração deve ser abordada a partir de uma perspectiva integral, humana e com co-responsabilidade regional», sublinha o texto, que declara a disposição do país para continuar a colaborar com a administração norte-americana «na busca de soluções que privilegiem o respeito pelos direitos humanos, a legalidade e o desenvolvimento partilhado».
Detenções de migrantes, protestos e tropa nas ruas
Na sexta-feira, agentes federais levaram a cabo operações contra migrantes em várias lojas de Los Angeles, no âmbito das quais foram detidos cerca de 120 migrantes.
A acção musculada dos agentes do ICE em Los Angeles enquadra-se na intensificação das operações contra os migrantes a nível nacional, de modo a implementar a política de «deportações massivas» defendida por Donald Trump.
De acordo com o La Jornada, que cita uma fonte do ICE, os agentes da estrutura federal estariam a realizar em média 1600 detenções por dia.
Se bem que também tenha havido noutras cidades norte-americanas, Los Angeles tornou-se nos últimos «o epicentro» dos protestos nacionais contra estas políticas anti-migrantes, com imigrantes e grupos de defesa dos seus direitos a manifestarem-se nas ruas, por entre cargas policiais, gás lacrimogéneo e dezenas de pessoas detidas – incluindo um dirigente sindical dos trabalhadores dos serviços, David Huerta.
Com Donald Trump e outros elementos do seu executivo federal a acusarem o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a autarca de Los Angeles, Karen Bass, de não fazerem bem o seu trabalho e de estarem «do lado da anarquia e do caos», o presidente dos EUA decretou, este sábado, o destacamento de 2000 efectivos da Guarda Nacional em Los Angeles.
A informação foi dada por Karoline Leavitt, secretária do gabinete de imprensa da Casa Branca, que continuou a fazer alusão à «incapacidade» dos democratas californianos, enquanto Trump ameaçava intervir no estado para esmagar «os agitadores e saqueadores».
Entretanto, o governador da Califórnia dirigiu uma mensagem ao secretário federal da Defesa, Pete Hegseth, em que solicita a devolução do controlo à Califórnia, tendo ainda sublinhado no Twitter (X) que «não existia nenhum problema até à intervenção de Trump», que acusou de ter «militarizado as cidades».
«Isto representa uma violação grave da soberania estadual: exacerba as tensões e desvia recursos de onde são realmente necessários», afirmou Newsom, em alusão ao destacamento de tropas.
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