Passar para o conteúdo principal

O Novo Banco revelou ontem, ao final do dia, os seus resultados até Setembro deste ano – os últimos anteriores à entrega da instituição ao fundo abutre Lone Star, formalizada no mês passado.

Os prejuízos de mais de 400 milhões de euros não são um dado novo, são aliás o registo recorrente dos últimos três anos. Mas os números do banco ao longo do período em que foi detido pelo Fundo de Resolução, uma entidade pública na dependência do Banco de Portugal, mostram bem mais que prejuízos financeiros.

A 4 de Agosto de 2014, no dia em que o BES foi alvo de uma medida de resolução por estar falido, com a injecção de 4,9 mil milhões de euros pelo Fundo de Resolução (3,9 mil milhões vindos directamente dos cofres públicos), a instituição tinha 674 balcões em Portugal, empregando 6950 bancários, excluído o BES Investimento – entretanto vendido ao banco chinês Haitong.

Mais de três anos depois, a estratégia imposta pelo Banco de Portugal, cedendo aos ditames europeus e com o beneplácito dos governos e, particularmente, do governo anterior, ditou uma redução brutal no número de trabalhadores e balcões.

A 30 de Setembro de 2017, o Novo Banco tinha 537 balcões e empregava 5687 bancários – uma redução de mais de 20% e 18%, respectivamente. Da instituição financeira saíram 1263 trabalhadores e foram eliminados 137 balcões.

A Lone Star recebeu 75% do Novo Banco a 18 de Outubro, em troca da promessa de um investimento de mil milhões de euros na instituição até ao final deste ano. Os 3,9 mil milhões de euros que o Estado injectou no banco em 2014 não vão ser recuperados e o Fundo de Resolução pode mesmo vir a ser chamado a colocar outro tanto para suprir necessidades de financiamento da instituição já nas mãos do fundo abutre.

O Fundo de Resolução é uma entidade pública financiada por contribuições a que os bancos a operar em Portugal estão obrigados a fazer anualmente. Como em Agosto de 2014 o fundo ainda não tinha activos suficientes para acorrer à falência do BES, contraiu um empréstimo de 3,9 mil milhões de euros aceite pelo anterior governo.