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OMS: para haver mais Saúde é preciso combater a pobreza

O relatório, divulgado esta quarta-feira, concluiu que para combater as desigualdades no acesso à Saúde, é preciso defender a protecção social, as condições de trabalho e o acesso a serviços públicos.

Créditos / eas.pt

A Organização Mundial de Saúde (OMS) analisou 33 países para elaborar, pela primeira vez, um estudo sobre o acesso equitativo à Saúde entre os anos 2000 e 2017 e insiste que para haver mais igualdade é preciso mais investimento e melhores recursos nos serviços públicos de Saúde.

No que respeita à despesa dos estados no sector da Saúde, a OMS constatou que em 15 países esse valor aumentou, e que em 14 manteve-se. Portugal é um dos quatro países (a par de Irlanda, Hungria e Israel) em que se registou uma diminuição da despesa pública em Saúde naquele período.

O documento alerta para o facto de que o investimento em Saúde representa entre 0,03 a 0,52 por cento do PIB, sendo que no caso português a despesa é inferior a 0,2.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, a propósito dos dados revelados, afirmou que tem «defendido que os países mais pobres, como é o caso de Portugal, ainda devem aplicar uma percentagem maior na Saúde pública precisamente para tentar evitar, a médio e longo prazo, a existência de doenças crónicas que, desde logo, tem implicações negativas para a sociedade e para o custo que nós temos em termos de cuidados de saúde».

E explicou que as desigualdades no acesso decorrem de factores como a capacidade financeira, as disparidades territoriais e as desigualdades sociais.

Mas não deixou de elogiar a medicina em Portugal e a qualidade dos serviços de saúde, que contribuem para a elevada esperança média de vida no País – 78 anos nos homens e 84 anos nas mulheres.

Condições de vida e políticas públicas determinam desigualdades

No relatório da OMS pode ainda ler-se que o nível educacional se reflecte na Saúde e na esperança média de vida das populações. O documento refere que «há um largo fosso na esperança de vida entre homens e mulheres em diferentes grupos sociais dentro do mesmo país», sendo que as mulheres de grupos sociais mais desfavorecidos têm até menos sete anos de esperança média de vida comparativamente a mulheres com mais estudos. Nos homens a disparidade é maior em função do grau de escolaridade, podendo a esperança média de vida reduzir-se até 15 anos.

A OMS explica que há questões fundamentais que não estão a ser devidamente acauteladas no desenvolvimento das políticas públicas a nível europeu, como são os casos da protecção social e apoios aos rendimentos, a melhoria condições de vida (habitação, alimentação, segurança, entre outros), as relações sociais e a rede familiar, o acesso aos serviços de saúde e as condições de trabalho – factores que mais contribuem para o desequilíbrio nos indicadores de Saúde. A título explicativo, o documento avança que quase 30% das situações de falta de equidade no acesso à Saúde estão relacionadas com condições de vida precárias, e que mais de metade dos países analisados desinvestiram em serviços públicos nos últimos 15 anos.

Para a redução das desigualdades, a OMS afirma ser necessário a implementação de medidas como a redução das taxas de desemprego, o aumento da protecção social e o aumento do investimento público em Saúde.

Com agência Lusa

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