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Virados do avesso

O momento que vivemos vai gerar uma oportunidade para repensar os modelos políticos e económicos que actualmente prevalecem em muitos países, bem como na sacrossanta União Europeia.

Agentes da Guarda Nacional Republicana (GNR) controlam as entradas da cidade de Ovar, no distrito de Aveiro, a 18 de Março de 2020, após as autoridades portuguesas terem declarado o «estado de calamidade pública» devido ao elevado número de infectados pelo coronavírus COVID-19 na área.
Agentes da Guarda Nacional Republicana (GNR) controlam as entradas da cidade de Ovar, no distrito de Aveiro, a 18 de Março de 2020, após as autoridades portuguesas terem declarado o «estado de calamidade pública» devido ao elevado número de infectados pelo coronavírus COVID-19 na área. CréditosEstela Silva / LUSA

Quando em 31 de dezembro do ano passado a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou haver mais de duas dezenas de casos de pneumonia de origem desconhecida detetados na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, ninguém previa que três meses depois, o mundo registasse (em 27 de março), um total de 24 872 mortos e 549 872 pessoas infetadas, em consequência da pandemia do COVID-19.

A excecionalidade da situação que atualmente se vive em 199 países do mundo, com particular incidência na Europa, convida-nos a uma postura serena e racional, embora o quadro com que somos confrontados seja suficientemente grave para justificar uma enorme preocupação, quanto às consequências atuais e futuras desta catástrofe global.

Em Portugal, a situação que se vive nesta data, regista 76 mortos e 4268 infetados.

Em pleno Estado de Emergência, a vigorar até ao próximo dia 2 de abril, os portugueses têm genericamente acatado as medidas decretadas quanto à necessidade de se confinarem às suas casas. Isto não exclui a existência de alguns irresponsáveis que persistem em qualificar esta pandemia como “mais uma gripe”, pondo-se em risco e pondo em risco todos os demais concidadãos.

No que concerne aos sistemas de saúde pública e de proteção civil, no essencial eles têm respondido ao que delas é exigível, no quadro de uma situação complexa e à inexistência de qualquer situação de referência, na história da nossa democracia. Todos os dias estes sistemas estão a adaptar-se ao evoluir da situação, ajustando o planeamento de emergência na perspetiva da avaliação permanente da evolução do risco e da consequente operacionalização de medidas de resposta ao mesmo.

«Quando tudo está virado do avesso, este não é ainda o tempo para discutir as consequências sistémicas desta pandemia e da situação por ela gerada, a vários níveis. Mas essa avaliação terá de ser feita, para que a partir desta crise, se reequacionem as prioridades da governação na modelação dos sistemas e das opções tomadas neste âmbito»

Constata-se a falta de testes de despiste e diagnóstico do novo vírus COVID-19, bem como de ventiladores e outro material médico indispensável para a resposta eficaz à situação, embora se deva reconhecer que esta circunstância não é exclusiva no nosso país. Entretanto os profissionais de saúde e os agentes de proteção civil, nomeadamente os Bombeiros, reclamam mais equipamentos de proteção individual, como condição para a garantia da sua proteção. Outras falhas e faltas são possíveis identificar, numa perspetiva de lições que devem ser aprendidas, quando entrarmos na fase de recuperação.

Quanto à situação económica do país o quadro que se apresenta é bastante grave, em particular para os trabalhadores e as suas famílias. Neste domínio, vão-se anunciando pacotes de medidas, que visam de imediato mitigar os efeitos devastadores desta pandemia, as quais devem continuar a ser escrutinadas, em especial as que se referem à preservação dos postos de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

De tudo isto pode concluir-se que o momento que vivemos, em Portugal e no mundo, vai gerar uma oportunidade para se repensar os modelos políticos e económicos que atualmente prevalecem em muitos países, bem como na sacrossanta União Europeia que, uma vez mais quando chamada a agir, volta a revelar fragilidade política e falta de coesão.

Quando tudo está virado do avesso, este não é ainda o tempo para discutir as consequências sistémicas desta pandemia e da situação por ela gerada, a vários níveis. Mas essa avaliação terá de ser feita, para que a partir desta crise, se reequacionem as prioridades da governação na modelação dos sistemas e das opções tomadas neste âmbito.

Por agora o tempo é de empenho total no salvamento de vidas e de controle da expansão da doença. Assim, caro leitor, fique em casa e não arrisque!

Mais tarde cá estaremos para pedir contas e para exigir mudanças, com a prova da vida para dar força à nossa razão.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)

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