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|Novo Aeroporto de Lisboa

Obras na Portela: as inevitabilidades constroem-se!

Estas obras só vão aumentar a capacidade da Portela em 2027. Até lá, vamos continuar com o pior Aeroporto da Europa. Nós, um dos países com maior dependência económica do turismo e do transporte aéreo.

Passageiros no terminal 1 do Aeroporto Humberto Delgado, durante o primeiro de três dias de greve dos trabalhadores da Portway contra os consecutivos incumprimentos da contratação colectiva por parte do grupo Vinci. Lisboa, 26 de Augusto de 2022, que acusam de má-fé negocial. Lisboa, 26 de Augusto de 2022 
Obras só vão aumentar a capacidade da Portela em 2027. Até lá, vamos continuar com o pior aeroporto da Europa CréditosMiguel A. Lopes / LUSA

Foram finalmente autorizadas as obras no Aeroporto da Portela. A ANA teve autorização para avançar com obras no valor de 300 milhões de euros. Não houve praticamente oposição, até porque estamos em «gestão» e campanha eleitoral.

As notícias sobre a obra eram unânimes: a Portela está esgotada, o novo Aeroporto levará no mínimo 10 anos a construir, e era preciso fazer algo. Parece de facto assim. Mas só parece. Não faz qualquer sentido investir 300 milhões de euros num Aeroporto na véspera de o abandonar. E veremos se são só 300 milhões, pois o plano inicial da Vinci era de investir 640 milhões. Claro que na cabeça da multinacional isto faz sentido porque ela tem duas coisas claras: (1) não quer que o Aeroporto da Portela seja encerrado; (2) o dinheiro que está a gastar na Portela não irá gastar no Novo Aeroporto, ou porque consegue impedir o seu avanço, ou porque consegue impor o seu financiamento público.

Mas mesmo estas obras só vão aumentar a capacidade da Portela em 2027. Até lá, vamos continuar com o pior aeroporto da Europa. Nós, um dos países da Europa com uma maior dependência económica do turismo e do transporte aéreo.

«E quando os lucros são da monta que estes são, tudo fica mais fácil e mais acessível: até se encontram especialistas de aviação que garantam que ter um Aeroporto dentro da Cidade é óptimo, pois enriquece o ar ambiente, quebra a monotonia no plano do ruído, e oferece alguma esperança de poder assistir ao vivo a um acidente aéreo»

Tudo provocado pela Vinci e pela sua gestão. A actual inevitabilidade foi construída. Foi a Vinci que manobrou – ainda no decurso da privatização como mostrou o Tribunal de Contas – para afastar a solução de construir um Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) e manter a Portela a funcionar. Foi a Vinci que recusou construir o NAL e impôs ao Governo a opção Montijo mais a manutenção da Portela. Tudo por excelentes razões: aumentar os lucros da multinacional Vinci. E quando os lucros são da monta que estes são, tudo fica mais fácil e mais acessível: até se encontram especialistas de aviação que garantam que ter um Aeroporto dentro da Cidade é óptimo, pois enriquece o ar ambiente, quebra a monotonia no plano do ruído, e oferece alguma esperança de poder assistir ao vivo a um acidente aéreo. Recorde-se: se o NAL nos terrenos públicos do Campo de Tiro de Alcochete tivesse começado a ser construído em 2014 estaria neste momento em funcionamento a sua primeira fase e a Portela estaria a começar a ser esvaziada.

A verdade é que ao autorizar-se o investimento na Portela, que é o único investimento que a Vinci deseja fazer, fica-se mais longe de conseguir impor a solução que o país deseja implantar desde 1969: o encerramento progressivo da Portela e a construção de um NAL.

«Recorde-se: se o NAL nos terrenos públicos do Campo de Tiro de Alcochete tivesse começado a ser construído em 2014 estaria neste momento em funcionamento a sua primeira fase e a Portela estaria a começar a ser esvaziada»

Algumas vozes menos avisadas poderão ter a tentação de dizer: «Deixa-os, o dinheiro é deles...». Mas esse é que é mesmo o problema. É que o dinheiro não é deles! Como já demonstrámos aqui no AbrilAbril, a Vinci reduziu o investimento aeroportuário nos primeiros 10 anos de privatização em 600 milhões. Que levou para casa para distribuir pelos seus accionistas. Um investimento de 300 milhões será integralmente pago pelos lucros da ANA num ano. Todo o investimento aeroportuário da Vinci é e será feito com as receitas da ANA, ou através de financiamento obtido pela ANA alavancado nas suas receitas futuras. A multinacional não mete um cêntimo nestas contas. Só usa o direito – adquirido com a privatização – de determinar qual a parte dessas receitas que são investidas e qual a parte que são distribuídas aos seus accionistas.

Outras vozes, espantadas, objectarão: «Mas tu estás a defender que até estar concluído o NAL não se faça investimento na Portela?» Não, não estou! É claro que neste momento há que fazer obras na Portela, para reduzir o caos criado pela Vinci. Mas antes há que reverter a privatização, e fazê-lo com base no facto da multinacional ter falhado com o país. De outra forma está-se a recompensar o criminoso!

É preciso ter claro que a actual «inevitabilidade» de investir na Portela foi um plano urdido pela multinacional, para impor a sua vontade, para impor a opção que melhor a serve, mesmo que à custa de sérios prejuízos para o país!

E já agora, um dado final para a vossa reflexão. O hub de Lisboa só será uma realidade durante as próximos dezenas de anos com duas condições: (1) uma TAP pública e (2) um Novo Aeroporto de Lisboa. De outra forma, ele será deslocado para Madrid ou Paris. Talvez afinal haja uma dimensão nacional na acção da Vinci... e não é uma dimensão portuguesa.

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