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|Defesa Nacional

Ninguém diga que não sabe

A edição das memórias do Major-General Carlos Chaves foi pretexto para declarações ao Sol, as quais, nada tendo de novo, valem por aquilo em que, aparentando criticar, acaba por convergir e confirmar.

A edição de um livro de memórias por parte do Major-General Carlos Chaves foi pretexto para algumas declarações do mesmo. De entre elas, assinalam-se as prestadas ao jornal Sol em 30 de Junho.

Diga-se que a entrevista não tem, em boa verdade, nada de novo. Ela vale, sobretudo, por aquilo que confirma e por aquilo em que, pretendendo aparentemente, criticar, acaba por convergir.

A sua ligação ao PSD começa, era ainda capitão, com Mota Pinto e daí salta para «porta-voz do Ministro da Defesa Fernando Nogueira» onde, no meio castrense, ficou conhecido pelo porta chaves. À época (1991), ver um militar no activo assumida e publicamente PSD sem que nada o beliscasse, nomeadamente nos bastidores do Coliseu de Lisboa durante o congresso do PSD em que Fernando Nogueira foi eleito presidente dos social-democratas, não pôde deixar de ser bastante notado, sobretudo por comparação com outros que, como diz o povo, «tendo fama não tinham o proveito» e ainda outros que, expendendo opiniões divergentes da linha oficial, não deixaram de sentir as consequências dessa sua vertical ousadia. Pelos vistos, as cunhas e os padrinhos não eram só para evitar idas para a tropa (ao tempo havia SMO), como refere o Major-General.

Questionado sobre o descontentamento existente em torno do congelamento das carreiras, responde que «os militares têm de ter o vencimento que a pátria entender que devem ter». E acrescenta que «não há nenhum militar que tenha sido condenado a ser militar». Que tem isto a ver com a pergunta feita? Exactamente nada! Mas esta resposta é também ilustrativa da razão de as Forças Armadas estarem como estão. Não satisfeito com esta resposta ainda acrescenta que «os militares são servidores do Estado» e que «um Exército que tem uma cabeça muito grande e um corpo pequeno não pode viver para pagar a cabeça». Subentende-se que o Major-General acha que a cabeça devia ser mais pequena (aliás, o próprio afirma que «as Forças Armadas têm de ser uma pirâmide» e mais, diz que «muitas vezes mandam-se soldados embora para pagar a generais ou a coronéis e que isso é profundamente errado») e tendo-se ele, bem cedo, dedicado ao PSD poderia ter tido a atitude altruísta de poupar algumas verbas ao erário público. Pelos vistos, há atitudes muito certas mas só se forem para outros adoptarem.

Fantástico, mas compreensível num militante dedicado, é que diga que foi isso (o que é referido acima entre parêntesis) que Fernando Nogueira e mais recentemente Passos Coelho tentaram fazer e que «conseguiram muita coisa, apesar de termos (agora, dizemos nós) um ministro quem «os militares chamam carinhosamente de Mr. Magoo».

Questionado sobre se já conhecia Passos Coelho, responde que sim «desde a sua juventude» e sobre se o ex-primeiro-ministro foi demasiado duro nas medidas de austeridade afirma que «ele tinha de ser duro (…) e nunca mentiu ao país». Deixamos esta parte para observação critica dos leitores.

A entrevista termina com o Major-General Carlos Chaves a dizer que «(…). Esta dupla (o CEMGFA e o PR) é a minha esperança. Eu tinha decidido que nunca mais falaria de Forças Armadas. Só voltei a este assunto, porque vejo que há hipótese de fazer qualquer coisa. Nós temos um CEMGFA (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas) que é doutor. (…) Devido ao seu percurso e às suas características, é para mim a única esperança de que a gente venha a ter Forças Armadas. (…) E tem a apoiá-lo o Presidente da República. (…) Se as Forças Armadas não aproveitam esta dupla que têm agora, então vale mais prepararem o fim. Esta é a última vez que têm uma equipa capaz de concretizar aquilo que fomos adiando desde 1976». Daqui se conclui, que para este General não existe Governo, ou seja, não há uma tripla. Depois, quanto ao que foram adiando desde 1976 será bom lembrar que o PSD ao longo de todos estes anos, no governo ou na Assembleia da República mesmo na “oposição” promoveu ou aprovou todas as alterações verificadas nos conceitos, organização, missões, dispositivo, promoções, efectivos, reequipamento, participação externa, enfim tudo, incluindo o fim do SMO.

Se o estado das Forças Armadas é o que é, a culpa não morre solteira. Os militares sabem quem tem lá estado e o que têm feito. Mais, sabem das responsabilidades do próprio Major-General Chaves.

Sobre o actual MDN afirma que «Graças a Deus ainda não estragou muito do que estava a ser feito (refere-se ao Governo PSD/CDS, clarifica-se), prosseguindo algumas coisas». E acrescenta «ele para mim é um ajudante do ministro Santos Silva...fez uns fretes e, pelos fretes que fez, foi premiado com o lugar de ministro». Talvez se aplique aqui com propriedade a expressão «diz o roto ao nú». Mas aquilo que é realmente importante, porque é o que se relaciona com a vida concreta dos militares, é a confirmação por parte do Major-General Chaves que o actual MDN prossegue o que estava a ser feito e que na sua opinião foi positivo. Ou seja, foram positivo as alterações ao EMFAR produzidas pelo PSD/CDS com tudo o que comportam; foi positivo a trapalhona (mas não inconsciente) fusão dos Hospitais Militares; foi positiva a fusão das ADM e a sua inserção no IASFA, etc, etc. Portanto, dada a influência do Major-General Chaves no PSD, os militares ficam, mais uma vez, a saber com o que contam. Ninguém diga que não sabe.

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