Viu a sua primeira fotografia a ser publicada na primeira página do Diário de Notícias em 1947. A partir desse momento, Eduardo Gageiro viria a consolidar-se como um dos mais importantes fotojornalistas da imprensa portuguesa, começando a sua actividade regular em 1957, fotografando para o Diário Ilustrado.
No seu currículo constam passagens pelo O Século, Match Magazine, Eva, Associated Press, Sábado, Companhia Nacional de Bailado e pela Presidencia da República. Este percurso valeu-lhe a distinção em mais de 300 prémios, como é exemplo o 2.º lugar no World Press Photo, em 1974, na categoria Portraits, com uma fotografia do General António Spínola.
Eduardo Gageiro viria, porém, a ficar na história por ser o homem que fotografou a Revolução de Abril. O seu trabalho já denunciava as condições de vida que o fascismo impunha ao povo português, o que lhe valeu a prisão durante dois meses pela PIDE e, como tal, o registo que fez do 25 de Abril aparece como o coroar da sua activdade antifascista.
Foi um dos primeiros fotojornalistas a chegar aos cenários do 25 de Abril, fixando as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço, o assalto à sede da PIDE e o momento em que o capitão Salgueiro Maia percebeu que a queda da ditadura era inevitável e a revolução triunfara.
«Tudo tem um sentido. Diz-se que o jornalista tem de ser imparcial. Eu acho que não. Eu não sou imparcial. Não estou ligado a nenhum partido, mas analiso a situação, procuro onde está a verdade, tomo um partido», disse Eduardo Gageiro numa entrevista a Maria João Caetano para a CNN Portugal.
O homem que, com a sua lente, registou para eternidade a felicidade de um povo que se libertara de meio século de opressão, deixou-nos hoje, aos 90 anos, em Lisboa.
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