João Rodrigues aponta necessidade de romper com modelo neoliberal imposto pela UE

A apresentação partiu da iniciativa do Clube Marxista da Universidade de Aveiro, com o objectivo de divulgar a obra e ao mesmo tempo proporcionar um debate sobre política económica, tendo como horizonte as próximas eleições legislativas.

João Rodrigues, autor do livro e candidato da CDU pelo círculo de Coimbra, apresenta-se como um economista militante, que não desiste de olhar para a realidade de forma crítica, num acto de resistência à onda avassaladora do pensamento único. Começando por definir o conceito de «neoliberalismo» nas suas várias dimensões, João Rodrigues faz questão de estudar de forma exaustiva as traves mestras do consenso de Washington que dominam as economias ocidentais a partir da década de oitenta. Citando autores como Hayek, Schumpeter ou Milton Friedman, revela-se o núcleo duro do pensamento neoliberal assim como o poder e alcance da luta ideológica que mina o poder reivindicativo das classes trabalhadoras e coloca as forças progressistas numa posição defensiva e de resistência.

João Rodrigues. «A esquerda não pode abandonar à extrema-direita a ideia de nação»

Na fase de debate, várias foram as questões colocadas, umas relacionadas com globalização das causas e das lutas no quadro da União Europeia, com o surgimento de outros modelos de integração ou ainda sobre a chamada «desdemocratização» das políticas económicas. Na perspectiva de João Rodrigues, não será no processo de integração europeu que serão encontradas as soluções para os graves problemas que afectam o mundo e os trabalhadores. Definindo-se como soberanista, João Rodrigues aponta como condição necessária romper com o modelo neoliberal que nos é imposto pela União Europeia e pelo Euro. A solução, diz, passa pela defesa e reforço do Estado social e por uma política monetária ao serviço do pleno emprego e não ao serviço de uma «pseudo-estabilização» macroeconómica que apenas concentra a distribuição do rendimento junto das classes dominantes. 

Assumindo a sua condição de candidato às próximas eleições, João Rodrigues reconhece dificuldades, mas ao mesmo tempo uma possibilidade de construir uma nova correlação de forças à esquerda com condições para alterar o actual rumo político interrompido com a maioria absoluta do PS.