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Congresso de jornalistas aprova greve geral por unanimidade

Os jornalistas reunidos no 5.º Congresso dos Jornalistas aprovaram este domingo, por unanimidade, uma greve geral e mandataram o Sindicato dos Jornalistas para definir a data da paralisação.

O 5.º Congresso dos Jornalistas, promovido pela Casa da Imprensa, pelo Clube de Jornalistas e pelo Sindicato dos Jornalistas, realizou-se entre 18 e 21 de Janeiro de 2024 em Lisboa
CréditosAntónio Cotrim / LUSA

A moção que propôs a greve geral foi aprovada nos momentos finais do Congresso, tendo sido aclamada e aplaudida pelos participantes.

Os problemas do grupo Global Media, onde os trabalhadores continuam com ordenados em atraso e há uma ameaça de despedimento colectivo de até 200 pessoas, dominaram muitas das atenções do congresso, num momento de crise do jornalismo em que são transversais as más condições laborais e há a crise do modelo de financiamento dos órgãos jornalísticos, refere a agência Lusa.

O presidente do Congresso dos Jornalistas, Pedro Coelho, recordou que a última greve geral de jornalistas foi em 1982 – há mais de 30 anos.

O 5.º Congresso dos Jornalistas, que contou com a participação de quase 800 congressistas, decorreu entre quinta-feira e domingo no cinema São Jorge, em Lisboa.

Segundo a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas, há em Portugal 5313 jornalistas, 3110 homens e 2203 mulheres.

Moções aprovadas reflectem preocupações dos jornalistas

De entre as mais de 20 moções votadas no final do Congresso, uma proposta do Sindicato dos Jornalistas (SJ) exige que qualquer pessoa ou entidade que decida entrar no ramo dos media tenha de «obedecer a registo de idoneidade, sob pena de ficar inviabilizada essa entrada».

A questão dos donos dos órgãos de comunicação social tem sido muito falada devido à entrada na Global Media (proprietária do JN, DN e TSF, entre outros meios de comunicação) do fundo de investimento World Opportunity Fund, sediado nas Bahamas, um chamado «paraíso fiscal».

Outra moção do SJ aprovada prevê que os «jornalistas reivindiquem para si os dividendos que as grandes plataformas digitais fazem com o trabalho» jornalístico e que o sindicato tome a dianteira dessa luta.

O tema da usurpação pelas grandes plataformas digitais do trabalho dos jornalistas é dos mais discutidos pela classe e outra das moções votadas repudia "a abutrização do trabalho jornalístico por redes sociais controladas por plataformas multinacionais que não pagam por ele o valor devido e muitas vezes o deturpam e manipulam a favor dos seus interesses".

Os ataques a jornalistas deram origem a moções que repudiam a a prisão e assassinatos de jornalistas, desde logo na Faixa de Gaza, onde, segundo fontes locais, quase 120 jornalistas perderam a vida em resultado de ataques israelitas cujo propósito é silenciar a cobertura noticiosa do autêntico massacre conduzido por Israel; e a uma moção que pede uma investigação rápida à recente agressão a um jornalista do Expresso, durante um evento na Universidade Católica com o líder do Chega.

Outras moções aprovadas exigiram o reforço do fotojornalismo e do estatuto dos fotojornalistas; uma maior diversidade nas redacções e nas notícias (onde, segundo a Lusa, há um predomínio de homens, brancos e heterossexuais); e a não divulgação de quem comete crimes ou é deles é vítima, evitando identificar pessoas acusadas e condenadas por tal prejudicar a sua ressocialização e por a identificação de vítimas de crimes, contra a sua vontade, viola a sua intimidade.

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