|Banca

Banco Efisa. Custou 90 milhões públicos, agora está em dissolução

Era o banco de investimento do BPN, cujos activos tóxicos continuam a pesar nas contas públicas. De acordo com um documento divulgado pelo Ministério da Justiça, o Efisa entrou em dissolução.

Manifestantes durante um acto público de protesto contra a venda do BPN, em Lisboa, 12 de Agosto de 2011
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

De acordo com esse documento, que data da última terça-feira, foi apresentado um pedido de registo da dissolução da entidade, cujo processo de venda falhou ao longo dos anos.

Segundo o jornal Eco, o plano de liquidação do Efisa, detido até agora pela Parparticipadas, foi aprovado pelo Banco de Portugal já no final deste ano, tendo a holding estatal, veículo que detinha o banco na sequência da nacionalização do BPN, avançado à publicação que antecipava um período de 12 meses para a «execução e conclusão» deste plano.

9000 milhões!!!

A notícia de que o BPN pode custar ao Estado mais de 9000 milhões de euros não provocou nenhum sobressalto nem no PSD nem no CDS-PP!

O ex-presidente do BPN, Oliveira Costa, arguido por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções
CréditosMiguel A.Lopes / Agência LUSA

A imprensa revelou na passada semana o que alguns já previam (o PCP já tinha avançado a estimativa de mais de 7000 milhões) e muitos adivinhavam: o BPN pode custar ao Estado mais de 9000 milhões de euros. Esta notícia, que se saiba, não provocou nenhum sobressalto nem no PSD nem no CDS-PP, que, aparentemente, andam muito mais preocupados com a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

9000 milhões!

9000 milhões é um Orçamento anual da saúde!

E, na verdade, ninguém ouviu a Passos Coelho ou a Assunção Cristas uma palavra sobre esta questão do BPN preferindo, para desviar as atenções, falar da CGD.

Ora, quando falam da CGD, ambos procuram fazer esquecer as responsabilidades do anterior governo na gestão do banco público. O governo de Passos Coelho, durante quatro anos, não tomou qualquer medida para conter as necessidades de capital da Caixa, nem para detectar eventuais problemas na concessão de crédito. O que já não aconteceu no que diz respeito à nomeação dos novos administradores para a CGD, um processo que decorreu na linha do «pataca a ti, pataca a mim» entre PSD e CDS-PP.

Mas PSD e CDS-PP também não querem ouvir falar nos casos Banif e Novo Banco, nem sobre quem foram os grandes beneficiários e responsáveis pelo afundamento do BPN!

A propósito, é sempre bom relembrar que o dinheiro com que o Governo vai recapitalizar a Caixa fica no Estado, ao contrário dos 9000 milhões do BPN, muitos dos quais foram parar aos bolsos de alguns «barões» que continuam a passear a sua impunidade...

Daí, não queremos nem podemos esquecer a factura dos 9000 milhões que vamos continuar a pagar, com graves reflexos nos orçamentos, por exemplo, do Serviço Nacional de Saúde e da Educação.

Tipo de Artigo: 
Editorial
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

A Parparticipadas já tinha tentado vender o Efisa, tendo mesmo, em 2019, anunciado em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que tinha «celebrado contrato de compra e venda de acções, destinado à venda da sua participação de 100% no capital social do Banco Efisa, S.A., pelo valor de 27 milhões de euros» à IIB Group Holdings, negócio que acabou por não se concretizar. 

Antes disso, em Abril de 2017 foi cancelada a alienação à empresa Pivot (de capitais portugueses e angolanos, e que Miguel Relvas, ex-ministro do governo do PSD e do CDS-PP assumiu ter sido criada para comprar o Efisa), por 38,3 milhões de euros, apesar de, entre 2014 e 2016, o Estado ter injectado no banco cerca de 90 milhões de euros. O valor serviu para amortizar créditos concedidos pelo BPN, e que o BIC, no acordo de compra se recusou a assumir. De resto, e à semelhança do que se verificou no Novo Banco (ex-BES), também a venda do BPN (2012) ao agora Eurobic não impediu que o Estado português continuasse a pagar os custos.

Desde 2010, os portugueses contribuíram com cerca de 23 mil milhões de euros para o sistema financeiro. No seio da Europa, Portugal foi o país que mais apoiou os bancos, com um impacto acumulado superior a 10% do PIB. 


Com agência Lusa

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui