A adesão à moeda única, em 1999, marcou o início de uma caminho de divergência entre Portugal e a média da União Europeia (UE) em termos de criação de riqueza. Nesse ano, o PIB per capita (criação de riqueza por pessoa) nacional representava 84% da média; em 2017, o valor caiu para 78% e o crescimento económico previsto por Bruxelas para este ano (2,3%) não adivinha uma inversão de rumo.
De acordo com a última edição do semanário Expresso, no final de 2018 haverá 20 países acima de Portugal, caso se concretizem as previsões da Comissão Europeia.
Apesar de a redução mais significativa corresponder ao período que antecedeu a chamada da troika pelo PS, pelo PSD e pelo CDS-PP, já o período anterior apontava para uma estagnação.
Também os salários reais continuam abaixo do nível registado aquando da entrada em circulação do euro, em 2002, quando um trabalhador criava riqueza equivalente ao seu salário ao fim de quatro horas e meia de trabalho diário. Em 2016, o valor desceu para apenas quatro horas – o patrão ganhou mais meia-hora de riqueza criada.
O peso das remunerações no valor acrescentado bruto no total da economia caiu de 54,8% para 50,1% nesses 14 anos, de acordo com as contas nacionais anuais disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística.
Para além das alterações ao nível da produção, o factor-chave para esta trajectória foi a evolução dos salários. Neste período, as remunerações do trabalho em termos reais diminuíram – ou seja, em média, um trabalhador português ganha menos hoje do que quando começou a usar moedas e notas de euro.
Partindo do ano de 1995, o primeiro em relação ao qual há dados, as remunerações do trabalho tinham crescido 43,5%. No ano passado, estavam apenas 41,2% acima do nível de 1995, depois de uma recuperação ligeira a partir de 2015. No pico da intervenção da troika, o valor chegou a estar em níveis de 1998.
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