Uma Tribuna Pública organizada nesta sexta-feira pela Comissão de Utentes dos Transportes do Concelho do Seixal (CUT Seixal) exigiu a suspensão imediata das obras no pontão de embarque e desembarque do Terminal Fluvial do Seixal, enquanto a empresa concessionária não proporcionar uma alternativa que garanta a continuidade do tráfego fluvial entre o Seixal e Lisboa.
A Transtejo anunciou esta semana o encerramento do terminal e do tráfego fluvial entre as duas margens do Tejo sem «consultar a autarquia local, informar atempadamente os utentes e os lojistas do terminal fluvial e tratar de encontrar uma alternativa efectiva, designadamente um cais de acostagem provisório, e não a substituição do transporte fluvial pelo aluguer de autocarros para efectuar o transbordo entre o Seixal e Cacilhas», segundo o comunicado da CUT Seixal.
A iniciativa contou com a presença dos presidentes da Câmara Municipal do Seixal (CMS) e da União de Freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires. Na sua intervenção, o presidente da CMS, Joaquim Santos, afirmou não ser «admissível que se suspenda este serviço de transporte público essencial à população, ainda mais numa altura em que, devido à pandemia, é imprescindível que a segurança das populações esteja assegurada, pois a vida das pessoas está em primeiro lugar.
Para Joaquim Santos, «obrigar os utentes a despenderem ainda mais tempo nos transportes públicos para se deslocarem diariamente não é solução, como propõe o Governo com carreiras em autocarros para Cacilhas, pelo que exigimos que se adoptem soluções aceitáveis e só depois se retomem as obras».
Uma delegação composta por utentes e pelos autarcas envolvidos irá entregar ao Ministério do Ambiente – que tutela a Transtejo –, na manhã da próxima segunda-feira, uma tomada de posição sobre a situação.
Sindicatos e PCP também condenam
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) e a União dos Sindicatos de Setúbal (USS), em comunicado conjunto da passada quinta-feira, queixam-se, em comunicado conjunto, de os trabalhadores abrangidos pela medida de encerramento do terminal fluvial terem sido surpreendidos pelo anúncio do encerramento e de desconhecerem «como vai ser a organização do trabalho nos próximos tempos».
As duas organizações sindicais não colocam em causa a necessidade da obra mas admiram-se de, não sendo a mesma «certamente decidida de um dia para o outro», o seu anúncio ter sido feito «em cima da data prevista», o que a seu ver denota não ter sido tida em conta «a componente dos trabalhadores e dos utentes», podendo entender-se ter havido «a intenção de perante um facto consumado».
A Fectrans e a USS exigem «a suspensão das obras anunciadas, para que seja revisto todo o planeamento da obra», e a consideração de «hipótese de soluções alternativas que não ampliem o tempo de percurso», considerando haver condições para que as mesmas se processem em transporte fluvial.
Entretanto, o PCP deu entrada na Assembleia da República uma interpelação ao Governo em que, no seu preâmbulo, manifesta a inaceitabilidade de uma obra «desta dimensão e impacto» avançar sem a Transtejo a «a ter ponderado e planeado em articulação com a Câmara Municipal do Seixal» e «com a Área Metropolitana de Lisboa», considera que, «quando praticamente tudo na gestão da empresa depende de autorização da tutela», esta «não pode agora alhear-se e desresponsabilizar-se», da situação, que entende «reveladora da leviandade com são tratadas as questões da mobilidade por parte do Ministério do Ambiente e das empresas que tutela».
O documento, subscrito pelos deputados Bruno Dias e Paula Santos, pede uma explicação para a «ausência de comunicação prévia e articulação com a autarquia, a falta de antecedência da informação em relação à data prevista para início da obra, a ausência de previsão de data para a conclusão das obras e a falta de consideração sobre o impacto que a interrupção do serviço provoca na vida quotidiana dos utentes» e pergunta ao Governo se este vai «dar orientações à Administração da Transtejo para suspender o início das obras no cais fluvial, até que esteja encontrada uma alternativa de serviço provisório na área limítrofe do cais de embarque do Seixal, nomeadamente utilizando o antigo terminal».