O conselho de administração da Carris, a empresa de transportes que foi entregue pelo Governo à Câmara Municipal de Lisboa no ano passado, assinalou a passagem para os lucros e a inversão da tendência de redução da procura, segundo o Jornal de Negócios.
Esses resultados positivos não significam necessariamente uma melhoria das condições de transporte para quem vive e trabalho na cidade: pelo contrário, tudo indica que estes se afastaram dos serviços da Carris.
O número de passageiros subiu 1,1%, mas o grande crescimento foi nos eléctricos (4,5%). As receitas cresceram, mas só nos títulos ocasionais; nos passes – os títulos usados por quem vive e trabalha em Lisboa –, as receitas descederam 0,9%.
Ao contrário de uma das promessas do Governo e da maioria do PS na autarquia da capital, a municipalização da Carris não teve como consequência uma maior utilização dos seus autocarros pelos lisboetas. Aliás, das 350 novas viaturas prometidas, ainda não entrou nenhuma em circulação: as primeiras devem começar a circular ainda este ano.
Com todo este quadro, os lucros de quase 5 milhões de euros só foram possíveis porque o Estado ficou com a dívida histórica da empresa quando a transmitiu à Câmara de Lisboa. Os rendimentos desceram 16% face a 2016 e foram de menos 14 milhões de euros do que estava previsto para o ano passado.
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