Com a reorganização administrativa de Passos Coelho, num quadro de criação de freguesias por agregação ou por alteração dos limites territoriais, extinguiram-se 1167 freguesias. O processo foi concretizado a partir da apresentação do chamado Livro Verde, em Setembro de 2011, mas teve origem em 2005, era António Costa ministro da Administração Interna.
Nos últimos tempos, as críticas ao modelo e, particularmente à perda de autonomia e de representatividade democrática, têm feito eco na comunicação social. Em finais de Maio, e aproveitando a oportunidade do projecto que o PCP apresentou no Parlamento com vista à reposição das freguesias, a freguesia de Guidões, no concelho da Trofa, denunciava a perda da autonomia depois da anexação a Alvarelhos, e pedia aos partidos para votarem favoravelmente a iniciativa comunista.
No último congresso do PS também não faltaram críticas à «reforma administrativa» e à posição assumida pelo ministro Eduardo Cabrita que defende que «não faz sentido voltar ao passado». Segundo as palavras do socialista Luís Peixoto, presidente da Junta de Freguesia de Fão e Apúlia, no concelho de Esposende, «muitos autarcas, como eu, não nos revemos nas palavras do ministro Eduardo Cabrita, não é preciso ter medo de dizer isto».
Sem medos, as populações das duas freguesias anexadas, Campo e Sobrado, em Valongo, contaram na reportagem do JN, ontem, que a agregação foi «forçada». Posto isto, têm agendada para o Verão a aplicação de um referendo para decidir se mantêm a união ou «pedem o divórcio».
De um lado como do outro, a resistência ao modelo implantado à revelia dos interesses das populações passa pela identidade (que dizem ter perdido) mas também por não haver «quaisquer vantagens, nem económicas, nem de outra natureza, que justifiquem a manutenção de uma lei que se revela desajustada».
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