A mostra, de cariz fotográfico e documental, assinala os 100 anos do nascimento de Vasco Gonçalves e evoca o seu contributo político e social para a consolidação da democracia em Portugal.
A exposição foi inaugurada a 1 de Agosto numa cerimónia marcada por momentos de emoção e reflexão sobre o legado de Vasco Gonçalves, militar antifascista e membro destacado do Movimento das Forças Armadas (MFA), que liderou quatro governos provisórios entre 1974 e 1975 e integrou o Conselho da Revolução.
«É uma necessidade imperiosa celebrar Vasco Gonçalves, sobretudo num tempo em que assistimos ao retrocesso de direitos sociais e laborais que ele ajudou a conquistar», afirmou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, durante a sessão de abertura.
A organização da exposição resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Associação Conquistas da Revolução, cujo representante, Valdemar Santos, também interveio na cerimónia. «Vasco Gonçalves foi uma figura incontornável na construção das bases democráticas e progressistas que ainda hoje moldam a nossa Constituição», sublinhou.
Francisco Palma, da Junta de Freguesia de Azeitão, associou-se igualmente à homenagem, destacando o «espírito de transformação» que caracterizou o período em que Vasco Gonçalves esteve à frente dos destinos do país.
Entre os testemunhos partilhados, um dos mais marcantes foi o de uma mulher que relembrou como a actualização do salário mínimo nacional, de 3300 para 4000 escudos, durante o governo de Vasco Gonçalves, teve impacto direto na sua vida: «Foi a primeira vez que conseguimos comprar carne de vaca. Foi um momento inesquecível para a minha família».
Durante os seus mandatos, Vasco Gonçalves promoveu uma série de reformas estruturantes que visaram a liquidação dos alicerces do regime fascista e colonialista e a construção de uma sociedade mais justa. Foi sob a sua liderança que se criaram o subsídio de desemprego, o subsídio de Natal para pensionistas e o suplemento de grande invalidez.
Além disso, o seu governo garantiu direitos fundamentais para os trabalhadores, como o direito à manifestação, à sindicalização e à contratação coletiva, através da aprovação da Lei Sindical. A protecção social dos trabalhadores agrícolas foi reforçada e suspenderam-se os despedimentos sem justa causa.
Vasco Gonçalves teve ainda um papel decisivo no fim dos monopólios da grande finança e indústria, na reforma agrária em zonas de latifúndio, na promoção do poder local e regional, na habitação social e na criação das bases para um serviço nacional de saúde.
A exposição pode ser visitada nos dias úteis, entre as 09h00 e as 12h30 e das 14h00 às 17h30. A entrada é gratuita.
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