As dificuldades sentidas pelos utentes deste território no acesso aos cuidados de saúde foram transmitidas numa reunião pública, no passado sábado, onde foi apontada a «necessidade imperativa da construção do Centro de Saúde do Feijó, que tarda em sair do papel», lê-se num comunicado da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Almada (CUSCA), que promoveu o encontro.
A estrutura sublinha que esta é uma reivindicação com mais de uma década, que «contribuirá para diminuir a pressão exercida na actual Unidade, que serve dois territórios (Laranjeiro e Feijó), e garantir o Direito à Saúde daqueles que agora, por falta de médico de família, não conseguem um acompanhamento perene e de proximidade».
Dificuldades em agendar e realizar de forma célere consultas nos centros de saúde, independentemente da existência de médico de família, e utentes que aguardam há mais de ano e meio o agendamento de consulta pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada, foram algumas das situações relatadas e que a Comissão de Utentes vai transmitir ao Executivo Municipal e ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Almada.
No entender da CUSCA, a chamada Via Verde Saúde, para atendimento a utentes sem médico de família, «não é uma solução efectiva», uma vez que não permite um acompanhamento regular e de proximidade, admitindo que, embora estivesse anunciada no Centro de Saúde do Laranjeiro, «não passa de mero acto formal na medida em que não tem profissionais de Saúde adstritos».
Entretanto, «alguns utentes do Laranjeiro e Feijó têm de se deslocar ao Centro de Saúde Rainha Dona Leonor, em Almada, de madrugada, e esperar, com sorte, serem contemplados com uma senha», acrescentando que há «histórias dramáticas» de pessoas idosas com mobilidade reduzida e de mulheres grávidas, que se dirigem para a porta daquela unidade de saúde às 4h da manhã.
A CUSCA critica a «desvalorização» e o «esvaziamento» do Serviço Nacional de Saúde (SNS), beneficiando «o lucro de grandes grupos económicos do negócio da doença», e denuncia que, apesar de sucessivos governos terem tido conhecimento destas dificuldades, não foram adoptadas medidas estruturais capazes de quebrar «este paradigma». Assume que se tentou «tapar o sol com a peneira» ao contratar médicos e enfermeiros, com recurso a empresas privadas de recrutamento de mão-de-obra, «teimando em não ouvir» populações, comissões de utentes, profissionais da saúde e respectivas estruturas representativas.
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