A paralisação de 48 horas nas instituições de Ensino Superior antecedeu a Marcha Universitária Federal convocada para dia 2 de Outubro, em Buenos Aires, e foi convicada por diversos sindicatos e federações, como a Federação Argentina do Trabalhador das Universidades Nacionais (Fatun), a Federação Nacional de Docentes Universitários (Conadu) e a Associação de Docentes da Universidade de Buenos Aires (Aduba).
A greve realizou-se devido «à inflexibilidade do governo nacional relativamente à crítica situação salarial de docentes e não docentes das universidades públicas e à ameaça de vetar a Lei do Financiamento Universitário recentemente aprovada», explicaram em comunicado a Aduba e a Associação do Pessoal da Universidade de Buenos Aires (Apuba).
Com a paralisação, os trabalhadores expressaram a contestação às políticas de austeridade impostas ao país austral pelo executivo de Javier Milei, exigiram-lhe que não vete a legislação aprovada sobre o financiamento das instituições do Ensino Superior Público e reclamaram aumentos salariais.
Emiliano Cagnacci, secretário-geral da Aduba, disse à imprensa que os docentes «querem continuar nas aulas, também a fazer investigação e as actividades de extensão que realizam em conjunto com os estudantes».
Por isso, afirmou ser essencial que o governo liderado por Javier Milei não vete o financiamento, «para podermos manter as nossas actividades habituais e continuarmos a ser a melhor universidade da Ibero-América».
Segundo refere o portal inforegion.com.ar, Cagnacci criticou o governo pela «indiferença» em relação às exigências dos trabalhadores e por «asfixiar o sistema público universitário».
Por seu lado, a Associação Gremial Docente da Universidade de Buenos Aires (Agduba) afirmou em comunicado que «as próximas duas semanas são chave» e destacou a necessidade de os trabalhadores responderem «com toda a força em defesa da universidade, dos nossos salários e das nossas reformas».
Com as estruturas sindicais a denunciarem cortes sem precedentes no sector, as jornadas de luta decorreram sob diversos lemas, nomeadamente «Sem salários dignos, não há universidade de qualidade» ou «Com docentes e não docentes abaixo da linha da pobreza, não há universidade possível».
Entretanto, em plena greve e a poucos dias da marcha nacional, o governo de Milei chamou os sindicatos para a mesa das negociações. No entanto, as estruturas sindicais do sector afirmaram que as propostas apresentadas ficam muito abaixo dos aumentos necessários, num contexto em que a pobreza aumenta entre os docentes.
Também sublinharam que a ninguém passava despercebido o facto de as negociações terem lugar a poucos dias da marcha convocada para dia 2 de Outubro.
Assim, reforçaram o apelo à participação de todos na mobilização na Praça de Maio, junto ao Congresso, esperando que os docentes de todo o país respondam, tal como o fizeram a 23 de Abril deste ano, em defesa da educação, do ensino superior e da ciência públicos.
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