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A União Africana não quis saber de Zelensky

Apesar da insistência ucraniana e das pressões de países europeus, há meses, 51 dos 55 chefes de Estado africanos boicotaram o encontro virtual com o presidente da Ucrânia, no dia 20.

Apenas quatro de 55 líderes africanos se juntaram à reunião virtual com Zelensky no dia 20 de Junho de 2022 
Apenas quatro de 55 líderes africanos se juntaram à reunião virtual com Zelensky no dia 20 de Junho de 2022 Créditos / @AUC_MoussaFaki

A esmagadora maioria dos países do continente africano ignorou a campanha de pressão ocidental para que se juntassem ao apoio à guerra por procuração entre o Ocidente e a Rússia em território ucraniano, refere o portal Multipolarista, que destaca o empenho da França e da Alemanha nesse sentido.

A Ucrânia andava a tentar organizar desde Abril uma vídeo-conferência entre a União Africana (UA) e o presidente desse país, Volodymyr Zelensky, que era repetidamente adiada pelo organismo africano, refere o periódico Le Monde, notando como «a simples organização de uma mensagem por vídeo ilustra as relações tensas entre o Sr. Zelensky e os líderes do continente», que «mantêm uma posição neutral».

A sessão veio a concretizar-se esta segunda-feira, via Zoom. No entanto, a grande maioria dos chefes de Estado africanos boicotou a sessão: apenas quatro – em 55 – se juntaram ao encontro, o que confirma que a «neutralidade» africana se manteve face à guerra por procuração na Ucrânia.

Tendo por base uma fonte interna, o portal The Africa Report identificou os chefes de Estado presentes na reunião virtual e à porta fechada como o presidente do Senegal, Macky Sall, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, o presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso, e Mohamed al-Menfi, líder do Conselho Presidencial da Líbia – reconhecido por alguns países como governo legítimo do país norte-africano, que continua dividido territorialmente desde a que a NATO iniciou a sua destruição, em 2011.

Na sessão com Zelensky, esteve ainda presente o político chadiano Moussa Faki Mahamat, actual presidente da Comissão da UA, além de alguns diplomatas de outros países.

Da parte da UA, nota-se uma tentativa de manter o evento o mais discreto possível, uma vez que não há qualquer alusão a ele nem na página oficial, nem na conta de Twitter do organismo.

A referência oficial ao encontro foi feita por Moussa Faki Mahamat na sua conta de Twitter, afirmando que «reiterava a posição da UA de urgente necessidade de diálogo para acabar com o conflito, de modo a permitir que a paz regresse à região e a restaurar a estabilidade global».

A «comunidade internacional»

A este propósito, o Multipolarista lembra que os Estados Unidos e a União Europeia afirmam com frequência que agem em nome da «comunidade internacional», mas eventos como este mostram que a «comunidade internacional» a que Washington e Bruxelas se referem representa cerca de 15% da população mundial – sendo que Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão também são «comunidade internacional».

A vasta maioria da população mundial, que reside no chamado Sul Global, assumiu uma posição neutral em relação ao conflito em curso na Ucrânia. São exemplo disso países como a China, o Bangladesh, a Índia, o Paquistão, o Brasil, o México, o Vietname ou a Etiópia.

Outros, como a África do Sul, o Irão, a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Coreia do Norte ou Eritreia, mesmo apelando ao diálogo e à paz, não hesitaram em apontar os Estados Unidos e a NATO como os verdadeiros causadores da actual crise na Ucrânia.

O periódico britânico The Guardian publicou uma peça em Março na qual reconhece que muitos países africanos «se lembram do apoio de Moscovo à libertação do jugo colonial», permanecendo no continente um «forte sentimento anti-imperialista».

A mesma peça afirmava que alguns países africanos «apelam à paz mas apontam a expansão da NATO para leste como responsável pela guerra, queixando-se dos "dois pesos e duas medidas" do Ocidente e resistindo a criticar a Rússia».

Mas as proximidades não se justificam apenas pelo passado. A Rússia tem importantes relações comerciais com África e, sendo um dos principais produtores de trigo mundiais, é uma fonte importante de alimentos para o continente.

«Se a insegurança alimentar é um problema endémico em países africanos antes colonizados e que foram devastados por séculos de imperialismo ocidental, os Estados Unidos ameaçaram tornar esta crise ainda pior», destaca o Multipolarista.

Segundo refere The New York Times, a administração norte-americana tem estado a pressionar países africanos para que não comprem trigo russo.

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