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|Guerra na Ucrânia

Ucrânia destacou brigada de elite para tentar salvar Avdiivka

A única brigada de assalto em reserva na frente Leste reforçou a defesa ucraniana em Avdiivka, numa tentativa de deter o avanço russo sobre a estratégica cidade da região de Donetsk.

Combatentes da 3.ª Brigada Separada de Assalto do exército da Ucrânia, herdeira do Regimento Azov
Combatentes da 3.ª Brigada Separada de Assalto do exército da Ucrânia, herdeira do Regimento AzovCréditos / 3ª Brigada de Assalto

O reforço da frente em Avdiivka foi anunciado pelo comandante do grupo «Táurida» do exército ucraniano, brigadeiro general Oleksandr Tarnavskyi.

Trata-se, segundo a Forbes, de uma decisão que comporta «um risco enorme» no contexto da ofensiva russa sobre a cidade. Após quatro meses de assalto as forças russas quebraram finalmente as linhas de defesa ucranianas no perímetro da cidade e encontram-se muito perto da estrada através da qual é feito o reabastecimento dos defensores.

Entre «retirar os sobreviventes da 110.ª Brigada da exposta zona oriental da cidade e consolidar a linha de defesa mais a ocidente» ou «reforçar a guarnição da cidade e empurrar as muito maiores forças russas para longe das linhas de abastecimento», a escolha terá sido a segunda opção – que não necessariamente tomada por Tarnavskyi.

Mudanças em Kiev na origem da decisão

Na semana passada o presidente Volodymyr Zelensky demitiu o comandante das forças armadas, general Valery Zaluzhny, e substituiu-o pelo comandante das forças terrestres, general Oleksandr Syrskyi.

Para a Forbes, tendo em conta a reputação (merecida ou não, sublinha) dos dois líderes militares – Zaluzhny, de preferir uma defesa móvel e contenção de baixas próprias, e Syrskyi de aceitar baixas elevadas em encarniçados combates tácticos –, a decisão de Zelensky pode significar que Avdiivka será defendida a qualquer custo.

Essa decisão, conjugada com o colapso da frente nas duas últimas semanas e o atraso na mobilização e formação de novos combatentes que substituam as pesadas baixas sofridas pelo exército ucraniano – um facto recentemente reconhecido até em meios oficiais norte-americanos – podem ter estado na origem do destacamento para Avdiivka, antes do esperado, de elementos da 3.ª Brigada Separada de Assalto (3BSA).

Nazis do Azov de regresso à linha da frente

A brigada encontra-se desde Dezembro em Kramatorsk, 60 quilómetros ao norte de Avdiikva, na situação de reserva, para repouso, treino, recrutamento de novos voluntários e, segundo a Forbes, reequipamento com blindados americanos M-2.

Considerada uma das melhores unidades terrestres do exército ucraniano, a 3BSA, que inclui militares experimentados nos combates de Kiev, Mariupol, Kherson, Bakhmut e Mariivka, foi fundada e é dirigida pelo conhecido nazi Andriy Biletsky (ver «O nazismo ucraniano, ontem e hoje – uma trilogia (II)», de José Goulão).

Constituída na sua actual versão em Janeiro de 2023, a partir das Forças de Operações Especiais Azov e do Regimento Azov, a 3BSA «foi desenhada para criar uma força de grande mobilidade, bem equipada e extensamente treinada, capaz de empenhar em operações tanto defensivas como ofensivas».

Recruta sobretudo voluntários, nacionais mas também estrangeiros, muitos deles ideologicamente nacionalistas pró-nazis. Segundo a página da unidade, a 3BSA foi estabelecida de acordo «com os princípios» e «a visão do mundo» do Regimento Azov.

A brigada é formada por quatro batalhões de assalto, dois deles mecanizados, num total de 2000 homens.

Importância estratégica de Avdiivka

Fundada em 1778, Avdiivka, uma das mais antigas cidades da região mineira do Donbass, fica 13 quilómetros a norte da cidade de Donetsk, na estrada que liga esta a Kramatorsk.

Em 2001 tinha uma população de 37,5 mil habitantes, das quais 87% falavam russo e 12% ucraniano. A cidade levantou-se contra o golpe de Estado de Maidan mas, quatro meses depois, o exército ucraniano ocupou a cidade – até agora.

Ao longo de oito anos as Forças Armadas ucranianas transformaram a cidade num importante bastião da linha da frente, com importância estratégica tanto do ponto de vista defensivo – como guarda avançada de Kramatorsk, centro da defesa ucraniana a Leste – como ofensivo – pela facilidade em, a partir de Avdiivka, bombardear a capital da autoproclamada República Popular do Donetsk (RPD).

Desde que a Rússia entrou na guerra ao lado dos separatistas das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, a 21 de Fevereiro de 2022, que essas milícias, agora apoiadas por tropas russas, desenvolveram acções ofensivas em direcção à cidade e seus arredores. Em Julho de 2022 a cidade passou a encontrar-se fechada num semicírculo a leste, mas o seu perímetro defensivo não foi então violado.

Os combates prosseguiram com intensidade ao longo do ano seguinte. Intensos bombardeamentos destruíram 80% das casas e obrigaram à evacuação da população. Em Outubro de 2023, quando principiou uma nova ofensiva geral sobre Avdiivka, esta estava ocupada maioritariamente por militares do exército ucraniano, restando apenas 1600 civis.

Em 4 de Fevereiro de 2024 combatentes da 1.ª Brigada Eslava do exército russo, formada a partir das milícias populares antifascistas que em 2014 se revoltaram contra o golpe de Maidan, romperam a defesa norte da cidade, ameaçando de cerco total os seus defensores.

Para os atacantes, a tomada de Avdiivka será um passo decisivo para a libertação do território da RPD e protecção da sua capital, Donetsk, dos ataques praticamente diários a que esta tem estado sujeita. Pela frente estarão os seus piores inimigos, os herdeiros do neo-nazi Batalhão Azov.

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