Miguel Díaz-Canel transmitiu por teleconferência as palavras de boas-vindas a este contingente internacional que regressou a Cuba depois de ter passado três meses no país centro-americano. O presidente cubano referiu ainda que o trabalho da brigada foi também reconhecido pelas secretarias da Saúde e da Defesa Nacional do México, informa o portal Cubadebate.
Em declarações à Prensa Latina, o chefe desta brigada, Rafael Luis Pino, disse que, graças à cooperação entre especialistas de ambos os países, conseguiram travar a alta incidência e mortalidade nos hospitais onde prestaram serviço.
«Havia muita escassez de pessoal e cada médico atendia um grande número de pacientes, uma situação que melhorou com a nossa chegada», apontou.
Pino destacou que os cubanos foram os primeiros médicos civis no Hospital da Secretaria da Marinha mexicana e, apesar disso e da disciplina férrea da instituição, trabalharam de forma conjunta e criaram amizade.
«Hoje, nessa instituição há menos casos positivos de SARS-CoV-2 e a mortalidade também disminuiu, o que em parte se deve ao trabalho dos profissionais da Ilha», acrescentou.
A equipa médica que Rafael Luis Pino liderou faz parte de uma brigada de profissionais da saúde que no dia 14 de Dezembro de 2020 foi para o México combater a Covid-19 e que prestou cuidados de saúde à população mexicana em várias unidades hospitalares.
Composta por quase 300 membros, a brigada médica cubana viu reforçada a sua capacidade de acção em Moçambique, para contribuir para a contenção da Covid-19, explicou o médico Manuel Wong. A correspondente da Prensa Latina em Angola ficou a par do acontecimento através de reportagens da imprensa moçambicana que destacaram a chegada recente a Maputo de mais de uma dezena de profissionais da Saúde provenientes do país caribenho. Pelas redes sociais, conversou com o doutor Manuel Wong, chefe da brigada médica, com o intuito de conhecer melhor o trabalho levado a cabo pelos cubanos, cujas primeiras experiências no país austral tiveram lugar há mais de 40 anos. Presente nas dez províncias moçambicanas, a brigada tem actualmente 281 especialistas em cuidados médicos directos aos pacientes, distribuídos por quatro hospitais centrais, seis provinciais e três distritais, explicou Wong. Ao mesmo tempo, referiu, uma dezena de especialistas assumem diversas actividades académicas em duas universidades e um instituto politécnico de formação profissional, localizado na Noroeste da província de Tete. No contexto de uma nova onda de Covid-19, «o contingente mantém o seu trabalho nas instalações hospitalares; isto inclui a atendimento aos infectados nas chamadas zonas vermelhas, bem como nos centros de isolamento», indicou. «Salvaram-se inúmeras vidas, e a 24 de Janeiro último chegou um reforço de 14 médicos e enfermeiros, todos com preparação em cuidados intensivos, para enfrentar a pandemia», disse à Prensa Latina o especialista em Medicina Geral Integral e mestre em Promoção da Saúde. O médico cubano diz que, entre desastres e pandemias, há pouco tempo para o descanso. Como exemplo, referiu que, em Março de 2019, tiveram de fazer frente ao ciclone Idai, classificado pelas Nações Unidas como um dos piores eventos meteorológicos na história do Hemisfério Sul, e, poucas semanas depois, passou a tempestade Kenneth. Tendo em conta a situação provocada pelo Idai, chegou a Moçambique a 28.ª brigada médica Henry Reeve, cujo perfil clínico-cirúrgico e experiência internacional permitiram realizar cerca de 20 mil consultas médicas e mais de 300 operações em circunstâncias extremas, informou. «Para os que continuam no país – relatou –, o trabalho de assistência também não é fácil, devido à Covid-19, e aos impactos da tempestade tropical Chalane, no final do ano passado, e do ciclone Eloise, em Janeiro deste ano.» Neste contexto, doenças transmissíveis como paludismo, Sida e tuberculose têm uma elevada incidência; estas patologias, unidas às doenças crónicas não transmissíveis, fazem com que a esperança de vida seja apenas de 50 anos de idade, disse Manuel Wong. Destacou que os obstetras, pediatras, anestesistas e intensivistas cubanos nas dez províncias moçambicanas estão a fazer um esforço importante para reduzir a morbidade e a mortalidade materno-infantil. Em termos de docência, precisou, os especialistas da Ilha leccionam os cursos de Medicina e Estomatologia em duas universidades, e são responsáveis pela formação de pós-graduação dos enfermeiros no instituto politécnico de Tete. Mas a troca de conhecimentos não se limita às salas de aula, uma vez que partilham saberes durante as visitas aos pacientes, em conferências, seminários e trabalhos de investigação, explicou Manuel Wong, que destacou a «vocação humanista» da brigada e o elevado número de mulheres nela presentes (46%). O médico disse ainda que, actualmente, há 37 estudantes moçambicanos a estudar Medicina recorrendo aos serviços médicos de Cuba, que também está a formar três especialistas em Imagiologia e três enfermeiros na área materno-infantil. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
A brigada médica cubana em Moçambique foi reforçada
Docência e formação
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Por seu lado, a enfermeira Yudith Games regressa a Cuba depois de concluir a sua segunda missão internacionalista de combate à Covid-19. «Recebemos formação e realizámos investigações aplicadas ao atendimento do paciente enfermo, o que implicou uma colaboração científica bem-sucedida entre os especialistas mexicanos e nós», disse.
A brigada, integrada por 95 elementos – entre médicos e enfermeiros –, atendeu 441 pacientes suspeitos de ter o vírus SARS-CoV-2 ou com casos confirmados, realizou 43 861 acções de enfermaria, 159 procedimentos invasivos e reabilitou 123 pacientes, segundo dados oficiais.
Além disso, realizou 1213 acções de formação sobre medidas de bio-segurança face à actual situação epidemiológica.
Contingente Henry Reeve, há um ano a lutar contra a Covid-19 em 40 países
Estes profissionais da saúde cubanos chegaram a casa exactamente um ano depois da partida da primeira brigada Henry Reeve destinada ao combate à Covid-19, cinco dias depois de ter sido declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde.
Desde então, 56 grupos do contingente «levaram saúde e permitiram salvar milhares de vidas em 40 países e territórios», destacou ontem na sua conta de Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez.
O Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastre e Graves Epidemias «Henry Reeve» foi criado em 2005 por iniciativa do líder histórico da Revolução, Fidel Castro, em resposta aos danos provocados pelo furacão Katrina em Nova Orleães (EUA).
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