«A direcção da Fentect reafirmou o calendário da greve. À hora zero do dia 18, também faremos assembleias com o terceiro turno. A ideia é que, com a adesão, iniciemos uma greve por tempo indeterminado», disse ontem Emerson Marinho, secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect).
As reivindicações dos trabalhadores passam por melhores condições de trabalho e reajustes salariais, além de exigirem o fim do desmantelamento da empresa e do projecto do governo de Jair Bolsonaro de entregar os Correios ao sector privado, revela a Rede Brasil Atual.
A paralisação nos Correios do Brasil vai integrar também a greve nacional dos funcionários públicos, esta quarta-feira, contra a chamada reforma administrativa, em defesa dos serviços públicos e do emprego, contra o empobrecimento e pelo «Fora Bolsonaro».
O projecto de lei 591, que abre o caminho à privatização dos Correios, foi aprovado na Câmara dos Deputados no passado dia 5 e encontra-se agora no Senado Federal.
Na Câmara, o projecto passou à pressa, a partir da articulação do seu presidente, Arthur Lira, com Bolsonaro, afirma a Rede Brasil Atual, sublinhando que o governo e o «Centrão» são aliados no aprofundamento do desmantelamento das empresas públicas lucrativas.
Privatização é inconstitucional
No plenário realizado ontem, o director da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), Douglas Cristóvão, defendeu a greve.
Lembrou que «o governo federal mente e propõe uma privatização inconstitucional». «Uma empresa militarizada, bolsonarista, que prejudica o trabalhador e a população», disse.
Apesar de a aprovação do tema na Câmara dos Deputados ser uma «derrota», as perspectivas dos trabalhadores sobre a tramitação no Senado «são positivas». Os sindicatos dizem ter obtido garantias de que a apreciação do projecto não seja apressada pelo presidente, Rodrigo Pacheco.
«O Senado tem um debate diferente. Os líderes do Senado comprometeram-se a que o assunto não vá passar atropelado, como foi na Câmara. Vai passar por quatro comissões e vamos ter amplo debate», disse Douglas Cristóvão.
Um dos pontos sensíveis desta questão diz respeito à constitucionalidade. Como o serviço postal público está contemplado na Constituição Federal, para alterar um dos seus artigos seria necessário um projecto de emenda à Carta Magna, o que requer maioria qualificada.
É por isso que o governo tenta apressar a entrega da empresa através de um projecto de lei simples. «Não pode! Estamos questionando isso também no Supremo Tribunal Federal», frisou o dirigente sindical.
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