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Trabalhadores denunciam privatização das refinarias da Petrobras

Das 17 refinarias em funcionamento no Brasil, 13 são da Petrobras. Com o anúncio de venda de oito, trabalhadores denunciam que está «em risco a soberania energética do país».

Centenas de trabalhadores mobilizaram-se junto à Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, contra a privatização da Petrobras e o «entreguismo» do governo Temer
Trabalhadores mobilizados junto à Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, contra a privatização da Petrobras e o «entreguismo» do governo Temer Créditos / FUP

A Federação Única de Petroleiros (FUP) afirma que a direcção da Petrobras já deu início ao processo de venda de oito das 13 refinarias que possui de norte a sul do Brasil, uma «privatização» que «vai colocar em risco a soberania energética do país e aumentar ainda mais os preços dos derivados de petróleo», alerta num comunicado emitido esta sexta-feira.

Para a FUP, a gestão da Petrobras está a favorecer as empresas estrangeiras, «abrindo mão de activos que são economicamente estratégicos para a companhia e essenciais para a população, já que a missão principal da estatal é garantir o abastecimento nacional».

Em Maio do ano passado, a FUP promoveu a realização de uma greve de 72 horas com o intuito de alertar a população brasileira para o que está em causa: conter o processo de privatização da Petrobras; alterar a política que mantém as refinarias a operar apenas a 70% da sua capacidade e promove o aumento da importação de derivados; diminuir o preço do combustível e do gás doméstico que os brasileiros pagam.

Para alterar este cenário, os trabalhadores do sector petrolífero defendiam como fundamental a saída imediata de Pedro Parente, o então presidente da Petrobras, considerando-o responsável pela gestão «errada» à frente da empresa, ao serviço do governo golpista de Michel Temer e dos mercados internacionais.

A presidência da Petrobras foi entretanto assumida por Roberto Castello Branco, mas o apetite privatizador mantém-se. Em declarações ao Brasil de Fato, o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, acusa Castello Branco de «estar a mentir à sociedade brasileira quando diz que, ao privatizar as refinarias, vai tornar mais baratos os preços ao consumidor».

«A Petrobras tinha um compromisso social; hoje não, quer atender aos interesses dos accionistas. O resultado é que o preço dos derivados não pára de aumentar e, se for concluída a venda das refinarias, vai aumentar ainda mais», explica o coordenador da FUP.

Riquezas do povo brasileiro a saque

«A Petrobras já está sendo gerida como uma empresa privada; por isso, começou a praticar uma política de preços de derivados em sintonia com o mercado internacional», afirma Rangel, sublinhando que quem comprar as refinarias «não vai vender derivados no Brasil com preços abaixo do mercado internacional».


«Este modelo ultraliberal e privatizador que Castello Branco e a equipa económica do governo defendem nunca construiu nada no país, nunca descobriu uma reserva de petróleo, é um modelo predador das riquezas do povo brasileiro», denuncia o coordenador da FUP.

Em seu entender «seria mais honesto se eles assumissem que querem vender a Petrobras porque não suportam a ideia de uma empresa eficiente ser uma estatal e símbolo do sucesso do nosso povo».

Perante este cenário, a FUP promete luta, sublinhando que os trabalhadores do sector não irão medir esforços para defender a Petrobras e a soberania do Brasil. «Se eles não conhecem a história de resistência do sector, é bom que se preparem para o embate», disse José Maria Rangel.

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