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Tensão aumenta na Cisjordânia ocupada e Israel prende mais de cem palestinianos

As forças de ocupação, que mataram quatro palestinianos nas últimas 36 horas, prenderam uma centena de palestinianos na última madrugada, depois de um atacante ter morto dois soldados israelitas.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
De acordo com a Sociedade de Prisioneiros Palestinianos, as forças israelitas prenderam mais de cem palestinianos nas últimas 24 horas (foto de arquivo)Créditos / palestinalibre.org

De acordo com a agência Ma'an, as forças israelitas prenderam mais de cem palestinianos nas últimas 24 horas, na Margem Ocidental Ocupada, numa verdadeira «caça ao homem» subsequente ao ataque que, ontem, deixou dois soldados israelitas mortos perto do colonato ilegal de Givat Asaf, a leste de Ramallah.

Após o ataque a tiro, em que também ficaram feridos outros dois soldados israelitas, o Exército declarou a cidade de Ramallah «zona militar fechada», apesar de ali se encontrar a sede da Autoridade Palestiniana e de a cidade ficar na Área A, teoricamente sob controlo civil e de segurança dos palestinianos, revela o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Antes, no espaço de poucas horas, em operações levadas a cabo na madrugada de quinta-feira, as forças israelitas mataram três palestinianos que acusavam de ser responsáveis por ataques a israelitas. Ontem à tarde, mataram um quarto, nas imediações de al-Bireh.

De acordo com a Ma'an e o Middle East Eye, têm-se registado fortes confrontos entre jovens palestinianos e as forças de ocupação em vários pontos da Margem Ocidental, nomeadamente na cidade de al-Bireh, perto de Ramallah, onde pelo menos seis palestinianos foram feridos com fogo real e balas de aço revestidas de borracha.

Quatro palestinianos mortos

Na madrugada de quinta-feira, as forças israelitas mataram, no campo de refugiados de Askar (Nablus), Ashraf Naalweh, de 23 anos, um palestiniano acusado de matar dois colonos na Cisjordânia ocupada em Outubro último.

Numa outra incursão nocturna, as forças israelitas mataram Salah Omar Barghouti, suspeito de ter ferido a tiro, no domingo passado, sete colonos israelitas perto do colonato de Ofra. A agência Wafa refere que Barghouti, de 29 anos, foi morto quando soldados israelitas abriram fogo contra o táxi que conduzia. No entanto, testemunhas citadas pelo Middle East Eye afirmaram que o palestiniano foi retirado da viatura sem qualquer ferimento, daí inferido que ele tenha sido vítima de uma execução extra-judicial.

Na mesma madrugada, na Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas mataram a tiro um outro palestiniano, Majd Muteir, que terá ferido sem gravidade dois polícias israelitas numa tentativa de esfaqueamento. A agência Wafa refere que, depois de ser atingido, Mteir ficou deitado no chão a sangrar durante 40 minutos, até morrer.

O quarto palestiniano foi morto ontem à tarde, tendo as forças israelitas alegado uma tentativa de atropelamento a um grupo de soldados em al-Bireh. No entanto, testemunhas referidas pela Ma'an afirmam que Hamdan Tawfiq al-Ardah, de 60 anos, foi morto quando tentava evitar os soldados israelitas. A mesma fonte indica que al-Ardah foi puxado para fora do carro e ficou a sangrar no chão.

Vários partidos políticos palestinianos, incluindo a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, o Hamas e a Jihad Islâmica, saudaram os ataques armados efectuados pelos palestinianos, tendo ainda apelado à mobilização, dentro e fora da Palestina, para enfrentar os crescentes ataques das forças de ocupação, revela o MPPM.

Maior presença militar e mais casas nos colonatos

Em reacção aos ataques armados de palestinianos em território palestiniano contra as forças militares e colonos israelitas, Benjamin Netanyanhu, primeiro-ministro de Israel, ordenou aos militares que acelerassem a demolição das casas de «terroristas» no espaço de 48 horas após um ataque e decretou o aumento da presença de forças israelitas na Cisjordânia ocupada, refere a HispanTV.

Prometeu também legalizar milhares de casas de colonatos judaicos – considerados ilegais à luz do direito internacional – na Margem Ocidental ocupada que foram construídas sem licenças israelitas e solicitou ao procurador-geral israelita, Avichai Mandelblit, que tome medidas no sentido de legalizar a construção de 82 novas unidades habitacionais no colonato de Ofra, bem como de duas novas zonas industriais perto dos colonatos de Avnei Hefetz e Betar Ilit.

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