A Malásia foi escolhida como sede neutral para as conversações entre os países vizinhos, que mantêm uma antiga disputa territorial.
O diálogo, iniciado no passado dia 4, é encarado como um passo determinante para aliviar as tensões e para que as partes ponham fim aos surtos episódicos de confrontação militar na região fronteiriça, o último dos quais, no final de Julho, provocou pelo menos 43 mortos e cerca de 300 mil deslocados.
O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, disse esperar que vários pontos do acordo de cessar-fogo, no qual o seu país figurou como mediador, possam ser formalizados antes desta quinta-feira.
Expressando o desejo de que seja alcançado um consenso e uma resolução final, frisou que «este assunto não afecta apenas as relações bilaterais, mas também a credibilidade da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean)», organismo regional a que a Malásia preside actualmente.
«Todos estes problemas devem ser resolvidos por consenso e gostaria de agradecer aos governos do Camboja e da Tailândia por demonstrarem uma atitude positiva para alcançar uma solução duradoura», declarou Anwar esta terça-feira, citado pela Prensa Latina.
A reunião da CGF envolve altos funcionários da defesa e da segurança dos países vizinhos, com o intuito de dar solidez a um cessar-fogo frágil e que ambas as partes se têm acusado mutuamente de violar.
Neste sentido, Anwar confirmou que os ministros da Defesa de Camboja e Tailândia participam nas conversações para se chegar a um «entendimento mútuo» – no mínimo, para manter ou reafirmar o cessar-fogo e garantir que não ocorram mais violações, sobretudo nas zonas fronteiriças em disputa.
Divergências fronteiriças antigas
Tanto a Prensa Latina como o Laotian Times recordam que o conflito «combina elementos históricos não resolvidos, uma vez que a fronteira foi cartografada por França [que ocupou o Camboja enquanto potência colonial] em 1907, mas continua a ter vários pontos por demarcar», o que levou a que vários conflitos armados eclodissem ao longo dos anos entre os dois países.
Nos últimos meses, a tensão em torno da fronteira voltou a subir depois de, a 28 de Maio, um soldado cambojano ter sido morto por elementos do Exército tailandês.
A 23 de Julho último, um soldado tailandês perdeu uma perna ao pisar uma mina terrestre na província fronteiriça de Ubon Ratchathani, e os combates entre os dois países começaram no dia seguinte, sendo considerados os mais violentos, com recurso a aviões de combate, artilharia, tanques e infantaria.
Após cinco dias de combates, a 28 de Julho último, representantes dos governos dos dois países asiáticos reuniram-se em Putrajaya (Malásia), onde decidiram implementar um cessar-fogo.
Desde então, as partes em confronto acusaram-se mutuamente de violar o compromisso alcançado e militares dos dois países participaram em reuniões para acalmar a situação no terreno.
Desde que eclodiu o mais recente confronto militar na região fronteiriça entre Tailândia (províncias de Buriram, Surin, Sisaket e Ubon Ratchathani) e Camboja (regiões de Oddar Meanchey e Preah Vihear), organizações internacionais e múltiplos países da região e outros apelaram ao diálogo, ao fim dos confrontos militares e a uma resolução pacífica da disputa.
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